The epistemological problems of the clinical research in psychoanalysis after Grünbaum: some directions and resolutions

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Tannous, Hugo lattes
Orientador(a): Simanke, Richard Theisen lattes
Banca de defesa: Padovan, Caio lattes, Lacewing, Michael, Michael, Michael t. lattes, Beer, Paulo
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2021/00100
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13810
Resumo: Desde o surgimento da psicanálise, filósofos e cientistas identificaram problemas nas pretensões epistemológicas de seu método clínico ou ao menos na disposição das comunidades psicanalíticas para buscar superar as fragilidades epistemológicas de tal método. O objetivo desta dissertação doutoral é investigar até que ponto e por que razões os dados produzidos pelo método clínico-psicanalítico seriam capazes de sustentar de forma cogente hipóteses sobre o comportamento de indivíduos e classes de indivíduos, bem como sobre algumas operações da mente humana em geral. Ela consiste, portanto, em uma elaboração da lógica, vigente ou potencial, presente tanto na geração quanto na justificação de hipóteses clínico-psicanalíticas. Por sua duradoura influência, a crítica de Adolf Grünbaum sobre os fundamentos de tal método serviu de pivô para tal elaboração. Com sua orientação milliana, Grünbaum conclui que Freud e os freudianos são incapazes de defender o caráter probatório de seu método clínico. Ele argumenta que a tentativa de Freud de ligar resultados terapêuticos à veracidade, seu “Argumento da Correspondência”, depende de uma premissa falsa; que os dados clínicos a partir dos quais se fazem inferências clínico-psicanalíticas estão provavelmente contaminados pelas sugestões dos analistas; e que, de qualquer modo, muitas dessas inferências são instâncias de falácias e vieses causais. Essas três classes de argumentos em Grünbaum são tomadas nesta dissertação como três classes de problemas epistemológicos a serem encaminhados e resolvidos em vez de apenas avaliados por sua justeza em relação à obra e à prática psicanalíticas. Contraargumenta-se que inferências clínico-psicanalíticas são ou podem ser essencialmente millianas na medida em que são ou podem ser quase idênticas às inferências bayesiano-explicacionistas das ciências históricas. Discute-se o conceito de sugestão e as teorias sobre as condições para sua ocorrência, o que deflaciona o argumento grünbaumiano de contaminação, mas também revela que analistas devem ser capazes de incluir hétero-sugestões em sua base de dados; é formalizado um dispositivo técnico para ajudá-los nessa tarefa. Face ao problema do quanto enunciações verazes durante o tratamento estão relacionadas a efeitos terapêuticos no paciente, argumenta-se que aquelas podem ser consideradas causas INUS destes, o que implica que efeitos terapêuticos não podem ser considerados evidências inequívocas, mas apenas complementares, de uma veracidade antecedente; que, portanto, Grünbaum é preciso, mas superficial, em relação ao Argumento da Correspondência de Freud. Conclui-se, contrariamente a Grünbaum, que a pesquisa a partir de dados clínico-psicanalíticos é viável, já que o método envolvido em tal pesquisa já é cogente em muitos aspectos e pode se tornar cada vez mais cogente através da estabilização ou implementação de certos princípios e diretrizes; e que, ademais, trata-se de um tipo de pesquisa insubstituível e extremamente relevante. Também se conclui, no entanto, que a questão do quão consistentes os resultados desse método podem ser através de suas aplicações, ou seja, a questão de sua confiabilidade, é ainda pouco levantada por psicanalistas e por aqueles comprometidos com o desenvolvimento desse tipo de pesquisa. Para que a pesquisa clínico-psicanalítica se torne amplamente reconhecida como científica, uma combinação de esforços filosóficos, tecnológicos e institucionais é necessária.