Parcelando sonhos: questão agrária brasileira, MST e consciência privatista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Mendes, Kíssila Teixeira lattes
Orientador(a): Ronzani, Telmo Mota lattes
Banca de defesa: Pereira, Viviane Souza lattes, Bezarra, Cristina Simões, Lacerda Junior, Fernando, Struwka, Solange
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
MST
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2023/00126
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/15300
Resumo: A presente tese surge com o objetivo de analisar o processo de constituição de consciência em um assentamento do Movimento dos(as) Trabalhadores(as) Rurais Sem Terra (MST), na Zona da Mata Mineira. Tem ainda como objetivos específicos: 1. investigar as histórias de vida dos assentados até a chegada no movimento; 2. analisar o papel do movimento social na constituição da consciência; 3. compreender quais condições de vida potencializam ou inibem a organização em um movimento social e o desenvolvimento da consciência; 4. apresentar o conceito de consciência privatista. Para tal, se propõe ainda analisar a imbricação entre as categorias consciência e propriedade privada enquanto expressões ideais do movimento real, no caso, da produção e reprodução da vida em tal realidade. O trabalho está dividido em três capítulos teóricos iniciais que versam sobre questão agrária e propriedade privada no Brasil; movimentos sociais e realidade brasileira; e processo de consciência e a tentativa de uma definição do conceito de consciência privatista aqui cunhado. O percurso metodológico conta com período de observação participante e com a realização de sete entrevistas em profundidade, a partir da história de vida, com moradores do assentamento Dênis Gonçalves. O capítulo destinado aos resultados e discussões, por sua vez, foi dividido em três eixos interpretativos. Pode-se concluir que as formas de consciência no modo de produção capitalista (MPC) são moldadas pelo princípio norteador deste modo de produção, a propriedade privada, sendo, logo, consciência privatistas. O modelo de reforma agrária do Estado brasileiro, ainda, parece ser contributivo à perpetuação da consciência privatista. Romper com a consciência privatista é, dessa forma, uma grande dificuldade do MST - e de nossa sociedade. Algumas das estratégias possíveis, e que são ações preconizadas pelo MST, passam pelo estabelecimento de relações de cooperação e modificação de relações de trabalho e produção com foco no trabalho coletivo. Tais mudanças, aliadas à formação, levariam à organicidade e uma nova consciência. Ademais, a superação da propriedade privada deve estar nesse horizonte, bem como o fortalecimento da propriedade comum e do valor de uso da moradia. No âmbito do âmbito do Estado burguês, há ainda a necessidade de a Constituição estabelecer limites severos ao direito de propriedade.