A gramaticalização de marcadores discursivos com verbos de percepção visual em configuração imperativa: uma análise construcional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Martins, Lauriê Ferreira lattes
Orientador(a): Cunha Lacerda, Patrícia Fabiane Amaral da lattes
Banca de defesa: Lima-Hernandes, Maria Célia Pereira lattes, Fortes, Fábio da Silva lattes, Cezario, Maria Maura da Conceição lattes, Vieira, Amitza Torres lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/982
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo a inclusão dos marcadores discursivos (MDs) derivados dos verbos de percepção visual “olhar” e “ver” em configuração imperativa e na segunda pessoa do discurso (P2) no âmbito da abordagem da gramaticalização de construções (TRAUGOTT, 2003, 2008a, 2008b, 2009, 2010a, 2011a, 2011c; NOËL, 2007; BYBEE, 2010, 2011; FISCHER, 2011; GISBORNE & PATTEN, 2011; TRAUGOTT & TROUSDALE, 2013). É nesse contexto que (i) demonstraremos que o desenvolvimento de tais MDs inclui, entre outras características, aumento em esquematicidade e em produtividade e diminuição em composicionalidade, aspectos fundamentais à gramaticalização de construções (TRAUGOTT, 2011c; TEIXEIRA & OLIVEIRA, 2012) e que (ii) proporemos a sistematização desses MDs a partir dos quatro níveis de esquematicidade propostos por Traugott (2008a, 2008b) – macroconstrução, mesoconstrução, microconstrução e construto. Realizamos, para tanto, uma análise pancrônica, a partir de amostras do português falado e de amostras da modalidade escrita da língua, constituídas por textos que compõem os seguintes corpora: o corpus do “Projeto Mineirês: a construção de um dialeto”, o corpus do projeto “PEUL – Programa de Estudos sobre o Uso da Língua”, o corpus do NURC/RJ – Projeto da Norma Urbana Oral Culta do Rio de Janeiro”, o corpus do projeto “CIPM – Corpus Informatizado do Português Medieval” e o corpus do projeto “Tycho Brahe”. Nossa análise se realiza a partir do equacionamento entre o cálculo da frequência de uso (BYBEE, 2003, 2011; VITRAL, 2006; MARTELOTTA, 2009) e a análise qualitativa, uma vez que nossos objetivos são definir o processo de gramaticalização dos marcadores discursivos analisados e descrever e interpretar os contextos específicos de uso de cada um deles. Os resultados apontam que o esquema construcional verbo de percepção visual em configuração imperativa e em P2, que atua na chamada de atenção do ouvinte, configura a macroconstrução, que, juntamente com as mesoconstruções, seria responsável pelo surgimento de novas construções bem como pelo estabelecimento de um esquema construcional. Ainda, identificamos os seguintes contextos de atuação discursiva destes MDs, que, cada qual com seu padrão construcional, comporiam as mesoconstruções: prefaciação, opinião/sustentação, discurso reportado, interjeição e contraexpectativa. É nesse sentido que defendemos que a macroconstrução e as mesoconstruções, que estariam na base do desenvolvimento dos marcadores discursivos, através do mecanismo da analogia, seriam responsáveis pela emergência de novas construções bem como pelo estabelecimento de um esquema construcional disponível para o falante.