Frames e valores – um estudo sobre a normatividade no espaço escolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Fontes, Mariana Rocha lattes
Orientador(a): Miranda, Neusa Salim lattes
Banca de defesa: Sampaio, Thaís lattes, Ferreira, Luciane
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/5533
Resumo: Este trabalho dissertativo vincula-se ao macroprojeto “Práticas de Oralidade e Cidadania” (MIRANDA, 2007, 2009, 2011 - FAPEMIG e PNPD/CAPES), dentro da linha de Pesquisa Linguística e Ensino de Línguas (PPGLinguística -UFJF), integrando- se, ainda, ao GP FrameNet Brasil (CNPq), em sua linha Frames e Cidadania. O macroprojeto, de natureza híbrida – linguística e educacional – ambiciona investigar a crise das práticas linguísticas e interacionais no ambiente escolar. A rede de pesquisa envolve dissertações e tese. Neste trabalho dissertativo, tomou-se como cenário investigativo uma escola pública da cidade de Muriaé – MG, reconhecida por gestores e professores como “caótica”. Toma-se o discurso e, portanto, a perspectiva discente sobre o ambiente escolar como objeto de estudo e busca-se investigar o modo como as crianças (164 alunos dos primeiros anos do ensino fundamental) conceptualizam e vivenciam a normatividade neste espaço. O corpus analisado foi constituído a partir das respostas a três questões: 1) Para você, o que é uma regra?; 2) Existem regras na sua escola? Cite, pelo menos, três. e 3) Que regras você acha que sua escola deveria ter?. Esta dissertação configura-se como um estudo de caso com metodologia mista – qualitativa e quantitativa. A análise parte do ponto de vista linguístico, ancorado na Linguística Cognitiva (LAKOFF, 1987; LAKOFF e JOHNSON, 1999; FILLMORE, 1982; SALOMÃO, 1999, 2009; FAUCONNIER e TURNER, 2002; CROFT e CRUSE, 2004) e, mais especificamente, na Semântica de Frames (FILLMORE, 1968, 1977, 1982, 2003) e em sua aplicação no projeto lexicográfico computacional FrameNet (https://framenet.icsi.berkeley.edu). A categoria teórico-analítica central é, pois, o frame, a partir da qual se instaura o exercício hermenêutico multidisciplinar sobre as vivências discentes. Contribuições das Ciências Sociais (BAUMAN, 1998, 2001, 2005; FRIDMAN, 2000 e GIDDENS, 2006) e da Linguística Aplicada (RAJAGOPALAN, 2006; FABRÍCIO, 2006; LOPES, 2008) permitem traçar o panorama da crise de valores da sociedade contemporânea, que se reflete na escola. Discussões traçadas no âmbito educacional (NUCCI, 2000; MENIN 2002; MIRANDA, 2005; GOERGEN, 2007; TOGNETTA e VINHA, 2008) e da Psicologia moral (PIAGET, 1994; KOHLBERG, 1969, 1981; LA´TAILLE, 2006) fornecem subsídios à interpretação dos dados. A pesquisa apresenta resultados que contribuem para a apresentação de um mapa da indisciplina escolar e da crise de valores que acomete a escola atual. A rede de frames desvelada tem como cena mais recorrente Encontro_Hostil, 25,4% dos conteúdos das regras escolares e 27,3% das regras ideais. As análises revelam, ainda, que a concepção discente de regra (127 respostas), representada pelos frames Norma_Obediência e Norma_Comando, envolve uma relação de coação entre os participantes (Comandante e Comandado), sem quaisquer menções a relações de cooperação, próprias de ambientes democráticos. O cenário autocrático vivenciado na escola contribui para que os alunos permaneçam na fase de heteronomia de desenvolvimento. As contribuições desta pesquisa em relação à crise implicam a atuação pedagógica em prol de uma Educação de Valores, ancorada em pactos sociais, em consensos resultantes de uma prática reflexiva entre todos os atores da comunidade escolar.