Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Marina de Aguiar
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Orientador(a): |
Silva, Márcio Roberto
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Banca de defesa: |
Carmo, Ricardo Andrade
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Leite, Isabel Cristina Gonçalves
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva
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Departamento: |
Faculdade de Medicina
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/12400
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Resumo: |
A presente pesquisa teve os resultados apresentados em dois artigos que contemplaram os seguintes objetivos: (i) caracterizar os casos de tuberculose pulmonar atendidos em centros de referência, descrever a sua distribuição espacial e relacioná-la com a cobertura da atenção primária à saúde (APS) (artigo 1); e (ii) avaliar os fatores de risco para o abandono do tratamento da tuberculose (TB) e comparar a incidência do abandono em dois períodos: antes e após a mudança do esquema para quatro medicamentos em dose fixa combinada (DFC) (artigo 2). Foi realizado um estudo de coorte prospectiva com pacientes que iniciaram tratamento para tuberculose em centros de referência secundária e terciária na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil, nos períodos 2008/2009 e 2018/2019. O artigo 1 incluiu 154 pacientes do período 2018/2019 que foram entrevistados e tiveram os endereços georreferenciados para confecção do mapa de pontos com a distribuição da tuberculose, técnica de Kernel para densidades de casos e cálculo do vizinho mais próximo para evidenciar a presença de aglomerados. O artigo 2 englobou pacientes dos dois períodos, sendo utilizadas técnicas de análise de sobrevida para comparar os casos com tratamento encerrado por cura com os que abandonaram o tratamento, contemplando um total de 296 pacientes incluídos. O modelo de regressão de Cox foi utilizado para investigar os fatores associados com a interrupção do tratamento. Os resultados foram os seguintes: (i) o artigo 1 mostrou que a maioria dos pacientes atendidos em centros de referência residiam em áreas cobertas por APS. Adicionalmente, demonstrou a presença de aglomerados de casos em regiões de maior vulnerabilidade social e o predomínio do diagnóstico realizado tardiamente em centros de referência. Tais dados demonstraram a fragilidade da APS no controle da TB, principalmente pela constatação do não atendimento dos pacientes por este nível de atenção, mesmo quando residem em regiões cobertas pela estratégia saúde da família. (ii) O artigo 2 mostrou que, excluindo os demais desfechos do tratamento, 247 (83,5%) casos foram encerrados como cura e 49 (16,5%) como abandono, que ocorreu principalmente após a fase intensiva (65,3%). Destaca-se que os casos acompanhados antes da mudança do esquema medicamentoso tiveram risco aumentado para abandono quando comparados com os que utilizaram o esquema em DFC (HR 2,25; IC 95%: 1,03 – 4,94; p 0,042). Além do período de seguimento, o uso de drogas lícitas e ilícitas e o centro de tratamento foram preditores independentemente associados ao abandono do tratamento da TB. Os resultados dos dois artigos reforçam um modelo hospitalocêntrico, ainda existente na atenção aos pacientes com tuberculose, oposto ao recomendado mundialmente. O último artigo fortalece as evidências de que a apresentação dos medicamentos em DFC melhora a adesão ao tratamento. O conhecimento dos preditores do abandono verificados neste estudo, especialmente o alcoolismo, a drogadição e o tipo de centro envolvido no tratamento, poderá ser utilizado para direcionar os cuidados prestados na abordagem aos pacientes com TB. Além disso, tais fatores reforçam que a adesão e a completude do tratamento da TB vão além da esfera biomédica e envolvem muitos outros determinantes sociais que precisam ser igualmente contemplados. |