Coxiella burnetii em queijos artesanais feitos de leite cru de quatro regiões tradicionais de Minas Gerais e uma do Piauí

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Conceição, Vitória Barbosa lattes
Orientador(a): Silva, Márcio Roberto lattes
Banca de defesa: Menezes, Victor Stroele de Andrade lattes, Mattoso, Marta Lima de Queiróz lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia do Leite e Derivados
Departamento: Faculdade de Farmácia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/17702
Resumo: A febre Q é uma doença zoonótica com distribuição mundial, causada por Coxiella burnetii, um patógeno que infecta uma grande variedade de animais vertebrados e invertebrados, incluindo seres humanos, sendo os ruminantes domésticos considerados seus principais reservatórios naturais. A infecção humana ocorre principalmente por via aerógena, e pela ingestão de leite cru que é uma via menos comum, mas não desprezível. Durante o período de outubro/2017 a abril/2018 foi realizado um levantamento randomizado com o objetivo de avaliar: i) a frequência de DNA de C. burnetii em queijos artesanais feitos de leite cru (QALC) de quatro regiões tradicionais do estado de Minas Gerais, que produzem o queijo Minas artesanal (QMA) e da região de Parnaíba, estado do Piauí, que produz o queijo artesanal de coalho; ii) os fatores associados à contaminação dos QALC pela proteobactéria C. burnetii; iii) as relações de agrupamentos espaciais de QALC contaminados pelo agente bacteriano considerando as características dos queijos como o tempo de maturação, resultados de análises microbiológicas para outros agentes bacterianos ou virais e concentração de pecuária; iv) as possíveis relações entre os aglomerados de positividade para C. burnetii em QALC e as exposições humanas ao mesmo agente, bem como com a concentração de atividade pecuária. Um total de 100 amostras de QALC foi coletado de diferentes agroindústrias rurais familiares de processamento de queijo e submetidas à análise molecular com extração do DNA pelo método tradicional de fenolclorofórmio-álcool isoamílico, utilizando oligonucleotídeos específicos para o gene IS1111 de C. burnetii. O fragmento parcial do gene IS1111 foi detectado e sequenciado em 25 amostras de QALC (25,0%; IC 95% 16,8%-34,6%). Verificou-se diferenças significativas de positividade nas microrregiões produtoras (p=0,04): Serro (17,0%), Canastra (20,0%), Triângulo Mineiro (40,0%), Cerrado (62,0%) e Piauí (21,05%). Houve relação inversa entre a taxa de QALC positivos para C. burnetii e tempo de registro no órgão oficial de fiscalização (Inclinação = -0,011, p = 0,053), e relação direta entre essas mesmas taxas de positividade em QALC e as taxas de queijos com tempo de maturação acima da mediana (10 dias) (Inclinação = 0,0042, p = 0,0044). Este estudo mostra que a contaminação de QALC por C. burnetii pode representar um possível risco para o consumidor destes produtos, destacando a necessidade de boas práticas agropecuárias e de fabricação, e de sistemas de controle de qualidade dos QALC. Como uma pesquisa randômica, estabelecemos dados basais sobre a frequência de C. burnetii em dois tipos de QALC brasileiros prontos para consumo, a fim de permitir o monitoramento de tendências temporais e espaciais, o estabelecimento de metas de controle e de futuros estudos sobre a análise de risco local.