Mulheres que viajam sozinhas: vozes femininas latino-americanas nos relatos de viagem Mas você vai sozinha? e Días de viaje

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Carla Priori da lattes
Orientador(a): Braga, Humberto Fois lattes
Banca de defesa: Nascif, Rose Mary Abrão lattes, Fraga, Carla Conceição Lana lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11559
Resumo: A presente dissertação, que promove diálogos entre o deslocamento e a literatura, tem como objetivo compreender como, na contemporaneidade, duas escritoras latino-americanas, a brasileira Gaía Passarelli e a argentina Aniko Villalba, a partir, respectivamente, das suas obras Mas você vai sozinha? (2016) e Días de viaje (2013), propõem uma expressão feminina do deslocamento capaz de subverter a tradição masculina e europeia dos relatos de viagem. Buscamos analisar o discurso das viajeras solo que estrutura os planos da enunciação e do enunciado desses livros, e aponta para um gesto político, feminista e pós-colonial de ambas. Traçamos um percurso que passa pela tradição dos relatos de viagem e pelo silenciamento feminino nesse contexto enunciativo, incluindo um olhar para a divisão social dos papéis de gênero. A partir daí, graças, principalmente, ao movimento feminista, surgem novas e legítimas formas de ocupação do espaço público pelo sujeito mulher, que também se apropria da linguagem. Como aporte teórico, utilizamos os conceitos e postulações feitos por Cíntia Schwantes (2006), Elaine Showalter (1994), Lúcia Osana Zolin (2009), Luís Antônio Contatori Romano (2013), Philippe Lejeune (2008), Vera Queiroz (1997), entre outros. A partir de uma crítica literária, ressaltamos, inicialmente, aspectos de cada obra isoladamente. Posteriormente, partimos para uma análise comparativa, traçando os pontos de convergência e divergência a partir dos estudos dos discursos da ―solidão‖ e do ―estar sozinha‖ em ambos os relatos. Como resultado das análises, percebemos que através da inclusão da voz feminina latino-americana no universo da Literatura de Viagem, ocorre um processo no qual as autoras produzem um discurso de construção da própria identidade com narrativas subjetivas. Porém, um ponto de divergência é que nos apresentam a duas formas diferentes de ver o mundo: Passarelli está focada em si, e Villalba em olhar para a alteridade anfitriã e no processo de autodescoberta pelo relato de viagem. Embora mantenham diferenças, ambas apresentam pontos em comum: o projeto gráfico dos livros inclui traços que remetem a uma caligrafia feminina, o que os distancia da forma consagrada como modelo. Outra convergência verificada é que as obras utilizam o argumento de mulheres que viajam sozinhas para desconstruir estereótipos, indicando que elas têm o direito de sair de casa e à mobilidade legítima.