Os enunciados das campanhas de prevenção à aids no Brasil e seus dispositivos de produção de verdades no âmbito da saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Rodrigues, Fernanda Deotti lattes
Orientador(a): Perucchi, Juliana lattes
Banca de defesa: Seffner, Fernando lattes, Ronzani, Telmo Mota lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2045
Resumo: O presente estudo teve o intuito de analisar os conteúdos midiáticos das campanhas de comunicação de massa produzidas pelo Ministério da Saúde do Brasil, voltadas à prevenção do HIV/aids. Tais mídias são concebidas como dispositivos produtores de determinados enunciados que se apresentam como verdades no contexto do HIV/aids. Resultado produzido pela articulação entre saberes-poderes em torno da questão da aids e estratégias de governamentalidade que definem modos de viver. A aids, enquanto fenômeno social, sobre o qual se desenvolvem políticas públicas de prevenção, quando enunciada por meio de certos dispositivos como a mídia, estabelece determinadas concepções sobre a doença e prescreve condutas à população. As campanhas de prevenção ao HIV/aids do Ministério da Saúde são pautadas por estas políticas públicas e, ao produzirem enunciações acerca da prevenção, instituem posições de sujeito a serem ocupadas por pessoas que acessam os serviços de saúde, onde as políticas públicas são implementadas e por onde circulam essas mídias. Tais posições são então ocupadas por indivíduos, que irão ou não aderir a uma mudança de atitude comportamental, terem ou não práticas sexuais seguras, utilizar preservativos, enfim, consumir os produtos da prevenção. Assim, os conteúdos e informações acerca da aids que foram e ainda são construídos e enunciados pela mídia, de 1998 a 2010, em especial a partir dessas campanhas, constitui a principal fonte documental desta pesquisa. Os enunciados que compõem os releases das campanhas foram analisados a partir do referencial teórico de Michel Foucault, por meio do método da Análise do Discurso. O objetivo geral foi investigar como estas campanhas enunciam os sujeitos das políticas públicas de prevenção à aids e quais enunciados de prevenção são propagados, sendo, assim, possível investigar a mídia como dispositivo produtivo para a governamentalidade no âmbito da saúde pública brasileira. Ao focar nestas fontes de pesquisa, esta proposta de investigação ressalta o atributo político destes dispositivos midiáticos, em seu caráter produtivo, em sua capacidade de disseminar discursos e de fabricar verdades sobre temas tão complexos como a aids. Os resultados constatam que o discurso das campanhas utiliza-se, basicamente, da estratégia de incentivo ao uso do preservativo masculino, responsabilizando e culpabilizando o indivíduo no que se refere às medidas de prevenção e meios diagnósticos; emprega-se uma pedagogia propositiva que incide nos comportamentos e nos modos de vivência da sexualidade; e, principalmente, ao tratar da prevenção, não abarca a proposta da prevenção posithiva, uma das mais importantes contribuições para a renovação da política nacional de combate à epidemia.