[Redemoinho uma tradi(c)ção-Exu na] história da arte brasileira
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , , |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Artes
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Departamento: |
IAD – Instituto de Artes e Design
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2023/00001 https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/15441 |
Resumo: | A tese é composta por dois eixos principais de investigação que procuram responder às questões: qual o papel das artes visuais na construção de identidades e na representação das relações raciais no Brasil? Como entender e significar as lacunas históricas, que produziram e ainda produzem relações hierárquicas baseadas na cor da pele, por meio da arte? Como escrever sobre o passado e ancestralidade africana em uma narrativa de arte afrocêntrica? O primeiro eixo é a tradução-Exu, elaborada pelos professores André Capilé e Guilherme Gontijo. A tradução-Exu consiste em um modo de interpretação aplicado ao longo da obra como uma leitura afrocentrada da história da arte no Brasil. É uma tradução do colonial para o decolonial. A tese propõe uma análise de pinturas, litografias, aquarelas produzidas entre século XIX e início do século XX, criadas em sua maioria por viajantes europeus, como JeanBaptiste Debret, Johann Rugendas e Carlos Julião, contrastando suas produções com obras contemporâneas criadas por artistas afro-brasileiros, como Clebson Francisco, Gê Viana, Tassila Custodes entre outros. É um contraponto entre uma leitura eurocêntrica/colonial do mundo com uma leitura Exu/decolonial do mundo. Exu é a divindade iorubana, com múltiplas formas ao redor do continente africano e americano, que guarda as encruzilhadas. Sua episteme simboliza encontros, transições e passagens em múltiplas possibilidades de cruzamentos, o que oferece uma oportunidade de escapar do discurso em dualismos ocidentais que repetidamente prescreve oposições, por exemplo, como masculino/feminino, civilizado/primitivo, branco/preto, como forma de compreender o mundo a nossa volta. Como diz o oríkì: “Exu matou o pássaro hoje com a pedra que atirou ontem.” O segundo eixo é o uso da linguagem. As línguas dos diversos povos da África que foram trazidos para o Brasil se misturaram com outras diversas línguas e dialetos no território brasileiro, e os colonizadores introduziram a língua portuguesa a toda a colônia. No entanto, apesar do domínio implacável da língua portuguesa, as línguas africanas não desapareceram completamente, mantendo sua existência e influência através do próprio português. Segundo Lélia Gonzalez, o Brasil é africanizado e o “pretuguês” é a crioulização da língua, ou seja, a mistura da língua do colonizador com várias línguas de grupos dominados, com destaque para os diferentes povos africanos que compõem o população brasileira. Além disso, o processo de escrita inclui também estudar e experimentar, como postula o pesquisador Henry Louis Gates Jr., com o primo de Esu-Elegbara, o Signifyin’ Monkey, e sua afroretórica americana. Como disse certa vez a professora Geri Augusto: “a linguagem não pode nos separar”. Esta tese é um trabalho decolonial da História da Arte Brasileira escrita por meio da poesia e da tradução. |