Respostas biogeoquímicas de um grande rio amazônico a mudanças ambientais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Almeida, Rafael Marques lattes
Orientador(a): Roland, Fábio lattes
Banca de defesa: Martinelli, Luiz Antônio lattes, Ometto, Jean Pierre Henry Balbaud lattes, Huszar, Vera lattes, Amado, André Megali lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ecologia
Departamento: ICB – Instituto de Ciências Biológicas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/6087
Resumo: As mudanças climáticas e a fragmentação de rios para construção de usinas hidrelétricas são dois dos principais estressores que vem pressionando o bioma amazônico. Entender as respostas dos ecossistemas amazônicos à pressão desses estressores é fundamental para subsidiar estratégias futuras de desenvolvimento socioeconômico, e controle e mitigação de impactos socioambientais. Nesse contexto, essa tese aborda os efeitos hidrobiogeoquímicos de mudanças ambientais no rio Madeira – o maior tributário do rio Amazonas em termos de descarga de água e sedimentos. O primeiro capítulo investiga a relação entre cheias extremas e a emissão de gás carbônico (CO2) no rio Madeira. São apresentados resultados de nove campanhas executadas entre 2009 e 2011, complementados com resultados de uma campanha adicional executada em abril de 2014, representativa da maior cheia já registrada no rio Madeira. A emissão de CO2 no rio Madeira aumenta exponencialmente com o nível da água. Em 2014, a emissão de CO2 por unidade de área foi 50% maior do que a segunda maior taxa de emissão registrada no estudo. A reconstrução de fluxos de CO2 desde 1968 indicou que anos de cheia extrema emitem 20% mais CO2 por unidade de área do que em anos normais. O segundo e o terceiro capítulo abordam os efeitos hidrobiogeoquímicos a montante e a jusante ocasionados pela construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, uma usina a fio d’água recém-construída no rio Madeira. Grandes reservatórios de armazenamento geralmente retém a maior parte dos sedimentos aportados, mas o aprisionamento de sedimentos em reservatórios a fio d’água é pouco conhecido. Ao contrário das expectativas, as usinas do Madeira não afetaram o transporte a jusante de sedimentos em suspensão, carbono orgânico total, e nutrientes associados (fósforo, potássio, cálcio e magnésio) que são importantes para a produtividade do rio e de suas planícies inundáveis. Isso se deve provavelmente ao fato de que o baixo tempo de residência (média: 2,4 dias) e a elevada velocidade da água (média: 1,2 m/s) limitam a sedimentação de partículas, que são predominantemente finas e leves. Perfis verticais de temperatura demonstram que, ao contrário do canal central do rio Madeira, alguns tributários remansados desenvolveram estratificações térmicas ocasionais. As características da água dos tributários ficaram mais semelhantes às do rio Madeira. Por outro lado, as características gerais da água do rio Madeira na região do reservatório não foram alteradas. Os efeitos da Hidrelétrica de Santo Antônio no rio principal são pouco expressivos, mas os braços do reservatório formados na área remansada dos tributários são locais bastante suscetíveis a mudanças na qualidade da água. Os resultados encontrados nessa tese convergem para o fato de que alterações no nível da água – causadas por fenômenos naturais ou regulação artificial – afetam processos ecossistêmicos por meio de mudanças na conectividade com ecossistemas terrestres e de transição água-terra adjacentes. Os resultados desse trabalho têm implicações para a tomada de decisão e a gestão de reservatórios, particularmente considerando o grande número de hidrelétricas planejadas na Amazônia.