Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Cardoso, Viviane Amélia Ribeiro
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Orientador(a): |
Rodrigues, Angélica Cosenza
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Banca de defesa: |
Martins, André Silva
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Milanez, Bruno
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Campelo, Rita de Cassia Pimenta de Araújo
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Layrargues, Philippe Pomier
,
Henning, Paula Corrêa
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Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Educação
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Departamento: |
Faculdade de Educação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/18054
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Resumo: |
A imposição econômica e política da mineração sobre os territórios emerge como uma forma de poder no capitalismo pela política neoliberal com um caráter em parte discursivo. Isso se evidencia especialmente após grandes desastres socioambientais, como no caso do rompimento da barragem de Fundão na região de Mariana em 2015, o que resultou na criação de uma nova organização: a Fundação Renova. Desse modo, a tese desta pesquisa sustenta que o rompimento da barragem de Fundão evidenciou uma faceta particular do capital: a mercantilização dos desastres. Por sua vez, também sustenta que uma condução educativa empresarial, mediada pela educação ambiental, tem buscado orientar sujeitos à adaptação de desastres nos moldes do empreendedorismo. Com base na Análise Crítica do Discurso, destaco como problema social os sentidos discursivos empresariais da mineração em projetos educativos ambientais em territórios atingidos pelo desastre socioambiental advindo do rompimento da barragem de Fundão. A Fundação Renova, através da formação de Lideranças Jovens, revela essa potencialidade na mobilização educativa de práticas e discursos orientados pelos valores empresariais da mineração, reverberando sobre uma estratégia ideológica e hegemônica neoliberal que pode conduzir a uma educação ambiental prescritiva, individualizada e empreendedora, o que promove uma assimilação intelectual e moral dos/as jovens para uma complacência em relação ao desastre. Deste problema surgem as seguintes perguntas de pesquisa: Quais interesses motivam a Fundação Renova a formar jovens lideranças nos territórios atingidos? Quais sentidos discursivos orientam o Programa de Educação Ambiental voltado para esses/as jovens? É possível identificar, entre os/as jovens, discursos que perpetuam ou desafiam a função ideológica e hegemônica da Fundação Renova? Este estudo tem por objetivo compreender os sentidos discursivos de educação ambiental através do Projeto Júpiter, formação de Lideranças Jovens da Fundação Renova, nos primeiros territórios atingidos pela mineração, analisando, especificamente, as enunciações discursivas dos/as jovens participantes, bem como a presença ou contestação dos discursos empresariais da mineração feitas por eles/as. Como corpus, foram utilizados materiais documentais e entrevistas semiestruturadas com jovens participantes. Os documentos revelaram ênfase sobre três discursos que produzem sentidos sobre a educação ambiental pela perspectiva da educação para o desenvolvimento sustentável: a resiliência como via para a sustentabilidade, o protagonismo juvenil e a autonomia limitada, enfatizando a capacidade individual de adaptação frente às adversidades e de soluções socioambientais alinhadas aos valores empresariais por meio de projetos educativos ambientais. As análises das entrevistas revelaram a identificação dos/as jovens com o discurso empresarial, com ênfase em técnicas de gerenciamento e empreendedorismo. Outro aspecto foi a autoidentificação dos/as jovens como líderes para solucionar problemas socioambientais locais, evidenciando a internalização de papéis na geração de resultados. Esse discurso priorizou pequenas práticas sociais educativas de dimensão técnica e individualizada no enfrentamento de dificuldades complexas em seus territórios. Outros discursos emergiram em resistência aos discursos dominantes: os/as jovens expuseram conhecimentos enquanto outras formas de se mobilizarem para enfrentar os problemas intrínsecos ao rompimento da barragem. Porém, ao contradizer o discurso hegemônico da Fundação Renova, foram constrangidos/as pelo discurso empresarial da mineração na negação de suas formas de saber, agir e ser. |