Aspectos diagnósticos, epidemiológicos, microbiológicos e moleculares de Gardnerella vaginalis em mulheres atendidas na rede pública e particular de Juiz de Fora, MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Souza, Daniele Maria Knupp de lattes
Orientador(a): Silva, Vania Lúcia da lattes
Banca de defesa: Santos, Kênia Valéria dos lattes, Oliveira, Murilo Gomes lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas: Imunologia e Doenças Infecto-Parasitárias/Genética e Biotecnologia
Departamento: ICB – Instituto de Ciências Biológicas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/5294
Resumo: Vaginose Bacteriana (VB) é uma síndrome polimicrobiana, caracterizada pelo desequilíbrio da microbiota vaginal, associada à substituição da população bacteriana vaginal predominantemente aeróbia (Lactobacillus spp.) por uma população anaeróbia (principalmente Gardnerella vaginalis), gerando descarga vaginal anormal em mulheres em idade reprodutiva. O objetivo desse trabalho foi a avaliação de aspectos fisiológicos e moleculares de G. vaginalis em pacientes com e sem VB, atendidas na rede pública (SUS) e privada de Juiz de Fora/MG, além da determinação do perfil de susceptibilidade a antimicrobianos. Amostras de secreção vaginal foram coletadas e processadas para isolamento seletivo, conforme descrito na literatura. G. vaginalis foi identificada presuntivamente pela β-hemólise ou hemólise difusa e os testes da oxidase e catalase. A identidade bacteriana foi confirmada por reação de POR. O gene codificador para a vaginolisina (vly) foi detectado por PCR. O perfil de susceptibilidade a drogas antimicrobianas foi determinado pelo método da diluição em ágar, de acordo as recomendações do CLSI para microrganismos anaeróbios. A genotipagem foi realizada por AP-PCR. De 89 pacientes, G. vaginalis foi isolada de 42 por cultivo em meio de cultura, sendo 35 com VB, 02 com quadro intermediário e 05 saudáveis. Em 47 pacientes não foi possível realizar o isolamento de G. vaginalis por método de cultivo, sendo a reação de PCR positiva para 26 destas pacientes. Para classificar as pacientes em sintomáticas e saudáveis, foi realizado o escore de Nugent, Todos os 204 isolados de G. vaginalis submetidos à reação de PCR tiveram sua identidade confirmada, e destes, em 96,5% foi detectado o gene vly. Quanto ao perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos, alta sensibilidade a ampicilina/sulbactam, clindamicina e cloranfenicol foi observada, e alta resistência foi observada a ampicilina, metronidazol, secnidazol e tinidazol. A cultura positiva de G. vaginalis, per se, não garante o diagnóstico de VB, já que os microrganismos fazem parte da microbiota residente. Não foi possível correlacionar a detecção do gene vly como marcador para determinação de linhagens patogênicas. A resistência bacteriana frente aos antimicrobianos mais utilizados na clínica corroboram outros estudos, e alertam para os riscos da terapia empírica rotineira. A técnica de genotipagem utilizada não permitiu o agrupamento de G. vaginalis, de acordo com sua origem de isolamento, sugerindo, assim, uma heterogeneidade populacional. Essa observação sustenta-se pelo não agrupamento bacteriano também em função da tipagem pelo perfil de susceptibilidade a antimicrobianos, embora outras técnicas de genotipagem não tenham sido utilizadas. Além disso, ainda não são descritos oligonucleotídeos iniciadores específicos para genotipagem de G. vaginalis por AP-PCR. Espera-se que esses resultados possam servir de base para suscitar discussões relacionadas ao tratamento empírico da vaginose bacteriana, considerando-se limitações na disponibilidade de diagnóstico ou mesmo terapia antimicrobiana.