Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2013 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Deliane Vilela de
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Orientador(a): |
Arreguy-Sena, Cristina
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Banca de defesa: |
Oliveira, Denize Cristina de
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Alves, Girlene da Silva
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Enfermagem
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Departamento: |
Faculdade de Enfermagem
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2302
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Resumo: |
Resumo: Pesquisa quantiqualitativa cuja trajetória metodológica visou analisar as representações sociais da punção venosa entre indivíduos adultos que vivenciaram a experiência com o processo de punção de vasos periféricos. Adotou-se múltiplos métodos e técnicas. Na abordagem quantitativa foi realizado um survey e no delineamento qualitativo foram utilizadas entrevistas individuais com aplicação das técnicas de “recorte e colagem de gibi” e “evocação livre”. A aplicação destas técnicas visou captar as variáveis intervenientes sobre o processo de punção de vasos periféricos e subsidiar a identificação dos elementos e caracterizar a relevância da representação social sobre tal processo. Dados obtidos no período de outubro/2012 a fevereiro/2013, por meio de entrevistas individuais gravadas e registro cursivo em diário de campo, realizados numa instituição hospitalar (setor de internação convencional) e num serviço de terapia renal substitutiva. Amostra de seleção completa. Após a aplicação dos critérios de elegibilidade e exclusão, foram realizadas 365 abordagens de coleta de dados, tendo participado 235 pessoas na fase do survey, das quais 120 estavam internadas, 75 estavam em hemodiálise e 40 coletaram sangue. Houve abordagem individualizada do questionário com auxílio para preenchimento. Técnica de evocação aplicada a partir de entrevista com participação de 90 pessoas, sendo 30 delas internadas, em coleta de sangue ou em tratamento hemodialítico. Foram obtidas 444 palavras/expressões evocadas para cinco das solicitadas. Na aplicação da técnica de “recorte e colagem de gibi” e gravação do discurso explicativo participaram 60 pessoas, sendo 20 em cada situação abordada. Foi oferecido o mesmo material de figuras para os participantes desta etapa. Um mesmo participante integrou uma ou mais técnicas. Os dados do survey foram tratados em software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20 com análise descritiva. Os dados provenientes da evocação formaram o corpus, sendo consolidados no software EVOC versão 2000 com análise pela técnica do quadro de quatro casas. E os conteúdos obtidos pela técnica de recorte e colagem de gibi foram consolidados no software NVivo versão 10 e analisados segundo similitude de expressões. Todas as informações foram abordadas com padrões de anonimato, utilizando nomes de flores, pedras ou cores. Foram atendidos todos os requisitos éticos e legais de pesquisa envolvendo seres humanos. No perfil dos participantes da fase survey predominou a participação de mulheres na coleta de sangue e de homens internados ou em tratamento hemodialítico; com idade mais nova entre mulheres que coletavam sangue; predomínio de pele declarada como branca (40%), menos de nove anos de escolaridade (65%), união estável (55%) e filhos. Sendo o processo de punção de vasos um procedimento técnico/científico, os usuários, porém, se apropriam do mesmo de forma particular, havendo destaque de algumas etapas em detrimento de outras. Foi possível identificar as variáveis intervenientes (exposição às diferentes situações e ocasiões de ocorrência do processo de punção de vasos) comparando-as com as variáveis de desfecho, ou seja, com os sentimentos, percepções e comportamentos dos participantes diante do processo de punção de vasos sanguíneos. Houve modificação de percepções, de sentimentos e de comportamentos ao longo das etapas do processo de punção dos vasos. No período que antecedeu a introdução da agulha no interior do vaso houve predomínio de sentimentos de medo, desconforto, ansiedade, indiferença e normalidade e foram adotados comportamentos de silêncio, colaboração, normalidade e de "acostumado", embora xx acompanhados pelo nervosismo das pessoas que fizeram hemodiálise. O período de introdução da agulha foi vivenciado com sentimentos de dor e desconforto e comportamentos de colaboração, silêncio e nervosismo, com ocasional desvio do olhar para não acompanhar o procedimento técnico realizado. Manter a agulha no interior do vaso gerou predomínio de sentimentos de limitação de movimento e desconforto quando o período foi prolongado e houve comportamento de colaboração. O sentimento de alívio e a sensação de ardência foram aqueles que predominantemente emergiram por ocasião da remoção do cateter do interior do vaso e os participantes mencionaram adotar comportamentos de colaboração e de indiferença frente à remoção. No período pós-remoção predominaram os sentimentos de indiferença, alívio, normalidade e nada e comportamentos de silêncio e colaboração, caracterizando a não percepção deste momento como uma etapa do processo, exceção feita às pessoas que realizaram hemodiálise. Os resultados evidenciaram que a estrutura das representações sociais do processo de punção de vasos foi composta pelos elementos centrais de dor e medo. Como elementos periféricos apareceram a insegurança, quem punciona, habilidade profissional, resultado, repuncionar e sangrar, configurando uma abordagem negativa ou neutra expressa em diferentes situações de punções que se apoiaram em experiências, informações, julgamento de valores, concepção de sua finalidade e percepção sensorial, o que foi reafirmado pela técnica de recorte e colagem. Captar as representações sociais através dos sentimentos e comportamentos, bem como, conhecimentos, valores e experiências das pessoas que possuem seus vasos puncionados para fins de coleta de sangue, terapêutica farmacológica ou hemodialítica durante o processo de punção possibilitou fazer uma releitura da punção de vasos. Enquanto atividade processual, evidenciaram-se demandas de cuidado para as quais o enfermeiro dispõe de oportunidades para imprimir ao cuidado orientações educacionais, ações terapêuticas e gerenciais e captar/utilizar evidências a partir da investigação. Foram caracterizadas respostas dos indivíduos para as quais o enfermeiro é capaz de minimizar sentimentos e comportamentos negativos e favorecer formas positivas de enfrentamento. Ao propor-se uma abordagem quantiqualitativa, utilizando múltiplos métodos e técnicas a partir de um recorte conceitual e metodológico, a presente investigação mostrou-se enriquecedora e criativa e trouxe como limite a não comparação entre os participantes enquanto grupos que possuem vivências peculiares no processo de punção de vasos sanguíneos. |