Eventos adversos: incidência e impacto econômico em um hospital de grande porte

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Keulen, Maria do Socorro Lina van lattes
Orientador(a): Chaoubah, Alfredo lattes
Banca de defesa: Montessi, Jorge lattes, Furtado, Maria Cristina Vasconcellos lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/6074
Resumo: Eventos adversos são danos desnecessários à saúde de um indivíduo causados pela atividade profissionais de saúde. No Brasil e no mundo, a saúde sofre com o alto custo do cuidado em saúde vinculado à incorporação tecnológica, ao aumento da carga de trabalho dos profissionais de saúde e à mudança no perfil epidemiológico da população, que apresenta maior longevidade e múltiplas doenças crônicas e emergem preocupações voltadas para a qualidade do cuidado, capacitação técnica e profissional e eficiência das organizações de saúde. O objetivo principal foi dimensionar os custos relativos ao tratamento de danos causados por eventos adversos no período de um ano na instituição proposta, em duas unidades: Unidade de Práticas Integradas de clínica e Unidade de Estrutura Funcional clínica, além de identificar e descrever os fatores relacionados à ocorrência de evento adverso. A população do estudo foi de pacientes hospitalizados para tratamento clínico. O desenho da pesquisa é observacional, seccional, com dados individuais e abordagem quantitativa, comparando dois setores de clínica médica do hospital para testar a hipótese de que não há diferença na quantidade de eventos adversos ocorridos entre duas unidades de tratamento clínico e um estudo tipo Cost of Illness, utilizando custos diretos como categoria analítica. Os critérios de inclusão foram: pacientes maiores de 18 anos, internados para tratamento clínico pelo Sistema Único de Saúde, com permanência maior que 24h e alta hospitalar a mais de 30 dias. Os critérios de exclusão são: pacientes internados para tratamento psiquiátrico. O método detecção de eventos adversos foi a Ferramenta Global Trigger Tool para, desenvolvida pelo Institute of Health Improvement. Foram detectadas 96 internações (20,0%) com pelo menos um (1) evento adverso, 144 eventos no total, correspondendo a uma média de 1,5 eventos por pacientes afetados, dos quais 31 (21,5%) estavam presentes na admissão e 125 (86,8%) foram considerados evitáveis. As características relacionadas a processos clínicos e cirúrgicos apresentaram razões de chance mais significativas: ter sido submetido à cirurgia aumentou a chance de ocorrer evento adverso em aproximadamente 8 vezes (OR 7,93) e o tempo de internação maior ou igual a 3 dias aumentou a chance de evento adverso em 4 vezes (OR 4,03). Ter sido internado em uma Unidade de Estrutura Funcional representou uma chance duas vezes e meia maior de sofrer um evento adverso em comparação com pacientes que foram internados em Unidade de Práticas Integradas. Foi observado que pacientes com evento adverso tiveram aumento na média do custo total de 98,83%, se comparados com pacientes que não tiveram evento adverso. Na Unidade de Práticas Integradas esta diferença representou um aumento de 131,2%, enquanto na Unidade de Estrutura Funcional, o custo de internações com evento adverso excedeu em 76,4% o custo de internações sem evento adverso. Para o Sistema Único de Saúde, a incidência de evento adverso custou um incremento na média da receita paga à instituição equivalente à 55%. Este custo médio na Unidade de Práticas Integradas foi de 61,5% e na Unidade de Estrutura Funcional foi de 36,9%. O estudo pode confirmar que eventos adversos são muito frequentes nesta amostra e representam um gasto excessivo para a instituição e para o Sistema Único de Saúde.