A potência da palavra na escrita de Sérgio Vaz

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Miranda, Waldilene Silva lattes
Orientador(a): Ribeiro, Gilvan Procópio lattes
Banca de defesa: Gonçalves, Ana Beatriz Rodrigues lattes, Carrizo, Silvina Liliana lattes, Patrocínio, Paulo Roberto Tonani do lattes, Coelho, Gislene Teixeira lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/8465
Resumo: Esta tese objetiva desenvolver o estudo analítico da potência da palavra na escrita de Sérgio Vaz, partindo da perspectiva de que se constitui a partir da reação à condição de silêncio culturalmente imposta ao oprimido. A potencialização da linguagem é compreendida em direção à palavra que, ao reagir ao silêncio, rompe o medo, o choro contido na garganta, se descobre como arma e se intensifica, principalmente, através do grito. Grito que, em contínuo deslocamento motivado pelo sonho, ginga na fronteira sinuosa da possibilidade e encontra nos pequenos e potentes milagres, um lugar transitório de potência e de (re)construção da palavra e da própria vida em processo. A discussão do grito a partir do território de fala do próprio oprimido vai muito além de se localizar o discurso em dentro e/ou fora do sistema literário hegemônico. Mas ao que isso implica no sentido do movimento potente e intenso entre um e outro e ao que se constitui como estratégias de desestabilização de equações e de criação de possibilidades outras da e pela palavra. Os processos de articulação da palavra se fundamentam na perspectiva de que reagir implica também resistir e insistir não apenas na presença do oprimido no sistema literário, mas na ocupação de espaços restritos, ou melhor, na tomada de posse do que culturalmente fora negado, com destaque para o direito à voz e, em especial, a que se expressa através da literatura. Nesse sentido, as obras Colecionador de pedras (2007), Literatura, pão e poesia (2011) e Flores de alvenaria (2016) serão discutidas a partir da experiência vertida em linguagem, seja ela motivadas por diálogos com o literário e/ou com o que se conecta para além dele mesmo. A ideia é destacar em que medida a voz que grita recorre ao literário para (re)significar sistemas e reafirmar o próprio espaço social e político enquanto produtora. Destaca-se o uso político da literatura e privilegia-se a compreensão da palavra como estratégia criativa, crítica e de reação perturbadora. E ainda que se considere a potência com que as ideologias se movimentam através das palavras, o foco da discussão está na hipótese da literatura como instrumento estético-político de contrapoder, ao passo que impulsiona forças às relações desiguais – desestabilizando-as ou não, reconfigurando campos e/ou deles se alimentando. Mas, sobretudo, desobedecendo às autoridades do silêncio ao questionar de modo criativo, potente e rebelde, quem pode e como falar.