Tendências do irracionalismo no pensamento administrativo-político dos militares a partir do Projeto de Nação do Instituto SAGRES

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ferreira, Rodrigo Vieira lattes
Orientador(a): Cunha, Elcemir Paço lattes
Banca de defesa: Arbia, Alexandre Aranha lattes, Queiroz, Henrique Almeida de lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Mestrado Acadêmico em Administração
Departamento: Faculdade de Administração e Ciências Contábeis
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/17765
Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo apreender, por meio da análise imanente, a natureza do pensamento administrativo-político dos militares expresso em materiais do Instituto SAGRES com o fito de desvelar suas tendências irracionalistas. Para sua consecução retomou-se, a partir das elucidações do filósofo brasileiro José Chasin, a possibilidade de recorte legítimo ao multifacetado ideário militar brasileiro, tornando possível a delimitação do pensamento administrativo-político militar enquanto objeto ideológico a ser particularmente perscrutado. Dos materiais do Instituto SAGRES, um think tank militar, destaca-se o Projeto de Nação enquanto fio condutor da análise imanente realizada, a qual igualmente se deu junto a uma série de outros artigos, documentos e vídeos de autoria deste mesmo Instituto. Como resultado da análise realizada foi possível apreender a natureza “progressiva” (ainda que conservadora) do pensamento administrativo-político militar em termos econômicos e “regressiva” no que diz respeito ao plano ideopolítico. Quando voltado ao plano econômico, o pensamento administrativo-político militar cristalizado no Projeto de Nação informa uma genuína propositura “progressiva” (conservadora), tomando como virtude o primado do Capital e do “livre mercado” diante da “subsidiariedade” do Estado, este último tido como responsável por tão somente induzir o desenvolvimento econômico, propositura incentivada pelo ímpeto do “Desenvolvimento”, elemento basilar do ideário militar e pelo explícito objetivo de “projetar” o “Poder Nacional”, outro elemento fundamental do ideário militar, diante da arena de disputa econômica interestatal. A análise da propositura de “progresso” (conservador) em tela desvelou uma variante da apologética direta do modo de produção capitalista amparada pela aparência de racionalidade de seus apontamentos, tendência própria da “nova forma de irracionalismo”, conforme apontou Lukács no Epílogo da Destruição da Razão. Esta aparência se efetivou a partir da conjunção entre críticas de talhe politicista por parte do Projeto de Nação às inerentes insuficiências e falhas do Estado enquanto gestor da economia capitalista e os consequentes apontamentos de caráter supostamente “técnico” e “pragmático” como forma de racionalizar e aprimorar a atuação estatal voltada ao plano econômico. Já quando voltado ao plano ideopolítico, o pensamento administrativo-político militar informa uma propositura “regressiva” abertamente afeita a conspiracionismos, a qual é incentivada pelo ímpeto da manutenção da “Segurança Nacional” e da “Coesão Nacional”, elementos basilares do ideário militar. A análise dos materiais revelou certa “tônica” romântica que perpassa a crítica do Instituto SAGRES ao assim chamado “Ultracapitalismo”, a partir da qual este think tank militar identifica os elementos supostamente probantes da conformação de um conspiratório “Movimento Globalista Mundial”, principal representante do “Ultracapitalismo” e inconteste ameaça à “Segurança Nacional” e à “Coesão” do povo brasileiro. Ainda no plano ideopolítico, o SAGRES reitera o empedernido anticomunismo militar, um marcador do irracionalismo, incorrendo na delirante crítica ao dito principal representante hodierno do Socialismo: o “marxismo cultural”, o qual, assim como o “globalismo”, se coloca como uma ameaça à “Segurança” e à “Coesão” nacionais. Desta feita, o Projeto de Nação incorre na debacle da razão voltando-se a denunciar veementemente a existência de tais conspiratórios adversários político-ideológicos ao mesmo tempo que aciona o Estado no cumprimento de regressivas e persecutórias medidas visando combatê-los.