Serviço social e saúde mental: uma análise do trabalho profissional nos centros de atenção psicossocial de Montes Claros/MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Rodrigues, Thalita Lorrane Rocha lattes
Orientador(a): Paiva, Sabrina Pereira lattes, Luciana Gonçalves Pereira de Paula lattes
Banca de defesa: Paula, Luciana Gonçalves Pereira de lattes, Tomaz, Cristiane Silva lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Serviço Social
Departamento: Faculdade de Serviço Social
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/18405
Resumo: A presente dissertação de mestrado em Serviço Social tem como objetivo compreender a especificidade do trabalho dos assistentes sociais nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de Montes Claros/MG. Para isso, considera-se o significado social da profissão e a função atribuída a ela na divisão social e técnica do trabalho, bem como sua condição de trabalho assalariado no contexto capitalista, marcado por transformações no mundo do trabalho e nas formas de produção e reprodução social. A pesquisa parte de inquietações acadêmicas e profissionais, levantando a hipótese inicial de risco de descaracterização do Serviço Social no campo da saúde mental, especialmente no âmbito dos CAPS. Metodologicamente, a pesquisa combina revisão bibliográfica e pesquisa empírica, de natureza qualitativa, descritiva e exploratória. A investigação empírica ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas com seis assistentes sociais atuantes em quatro CAPS (Infantil, Adulto III, Álcool e Outras Drogas III, e Álcool e Outras Drogas II) de Montes Claros, Minas Gerais, cidade referência em saúde mental no Norte de Minas Gerais. Os resultados indicam que as transformações no modo de produção capitalista impactam diretamente a classe trabalhadora, afetando também o trabalho dos assistentes sociais. A partir da análise de dados, foi possível perceber que a precarização das políticas sociais no contexto neoliberal contemporâneo impacta a política de saúde mental, seus profissionais e usuários/as, aumentando a sobrecarga e priorizando o atendimento a demandas imediatistas. Os serviços têm requerido cada vez mais o perfil de um profissional polivalente, que realiza em grande parte do tempo atividades genéricas e comuns a todas as profissões. Nesse cenário, as tarefas mais específicas do Serviço Social acabam sendo relegadas para segundo ou terceiro plano, quando são realizadas. A colocação do trabalho multiprofissional permeia todo o trabalho nos CAPS. No entanto, embora represente uma estratégia importante na descentralização do cuidado em saúde mental, esse modelo de trabalho pode contribuir para a diluição das especificidades das profissões, especialmente em um contexto de sobrecarga de atividades genéricas e de caráter imediatista. Foi possível identificar que o reconhecimento do espaço e das atribuições privativas dos assistentes sociais dependem de uma construção contínua e de um posicionamento direcionado da/o profissional dentro da equipe. Nesse contexto, compreender e considerar o seu objeto de intervenção — as expressões da “questão social” presentes nesse campo — é fundamental para que o/a assistente social evite cair nas armadilhas de atendimentos que privilegiam aspectos de outras áreas que não competem à sua profissão. Essa clareza sobre o seu papel e campo de atuação é essencial para contribuir na efetividade de sua intervenção e na preservação das especificidades de seu trabalho profissional. Conclui-se que há uma necessidade contínua de fortalecer a identidade profissional dos assistentes sociais na área da saúde mental, à luz dos princípios do Projeto Ético-Político da profissão.