Religiosidade/Espiritualidade em uma amostra nacional de psicólogos brasileiros: perfil e implicações na prática profissional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Paulino, Pedrita Reis Vargas lattes
Orientador(a): Moreira-Almeida, Alexander lattes
Banca de defesa: Lourenço, Lélio Moura lattes, Freitas, Marta Helena de lattes, Souza, Márcia Helena Fávero de lattes, Paiva, Geraldo José de lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/12370
Resumo: Introdução: Apesar das evidências consistentes sobre a ampla prevalência de religiosidade/espiritualidade (R/E) na população global, bem como do seu impacto e importância em saúde, seja ela física e/ou mental, há uma lacuna no conhecimento da R/E dos profissionais de psicologia no Brasil e seu impacto na pesquisa e prática clínica. Objetivo: Investigar a R/E dos psicólogos brasileiros e suas repercussões na prática profissional. Método: Levantamento (survey) nacional de psicólogos brasileiros através de questionário on-line. Foram enviados e-mails a todos os psicólogos cadastrados no Canal Orienta Psi do Conselho Federal de Psicologia. O questionário abordava perfil sociodemográfico, treinamento e atuação profissional, R/E pessoal e impacto na prática clínica e de pesquisa. Foi utilizado SPSS para análises estatísticas, com estatística descritiva e regressão logística binomial. Para os dados qualitativos foi utilizada análise de conteúdo. Resultados: A maioria dos 4.300 respondentes era do sexo feminino, com elevado nível de escolaridade (pós-graduação) e atuando na prática clínica. Embora a maioria dos psicólogos tenha filiação religiosa (78,3%), a frequência dos sem religião é quase três vezes maior que o da população brasileira. Apesar da maioria dos profissionais considerar a religião benéfica para a saúde mental (62%), uma maioria também afirma não considerar as questões R/E relevantes para o tratamento proposto (65%). Acreditase que isso tenha relação com a falta de treino específico sobre como lidar com R/E na clínica, treino esse afirmado por apenas 24,2% dos respondentes. O treino predisse maior crença nos benefícios da R/E para a saúde mental (56%), bem como predisse maior frequência com que pergunta sobre R/E (184%) e com que considera relevante questões R/E (229%). Idade predisse todas as variáveis de R/E pessoal, bem como crenças sobre o efeito, abordagem e entendimento da relevância dos aspectos R/E na prática clínica. A frequência religiosa ≥1 vez por semana, envolvimento em atividades religiosas individuais ≥ 1 vez por dia e religiosidade intrínseca enquanto “verdade ou totalmente verdade” foram preditoras de crença pessoal sobre o efeito benéfico da R/E para a saúde mental. O referencial teórico Cognitivo-Comportamental foi preditor da crença sobre o efeito benéfico da R/E para a saúde mental e de considerar as questões R/E relevantes, já Comportamental e Psicanálise diminuem as chances de crer no efeito benéfico da R/E. Maior escolaridade foi preditora de menor frequência religiosa, menor frequência em atividades religiosas e menor religiosidade intrínseca, bem como maior o apego aos aspectos negativos da relação R/E e saúde. Um total de 1213 comentários foram deixados ao final do questionário, categorizados entre: abordagem na prática (582); distinção/definição de conceitos (102); R/E pessoal e influência na prática (199); tema frequenta/importante (69); treino (95); e outros (188). Conclusões: Embora os psicólogos brasileiros, em sua maioria, possuam crenças R/E e considerem importante abordar este tema na prática clínica, esses profissionais tendem a ser menos religiosos que a população a que atendem e a não terem treinamento sobre como abordar a R/E na clínica. Há necessidade de desenvolvimento de competências e habilidades para uma compreensão e inclusão desta dimensão em nossa prática de cuidados em saúde mental.