Associação do cálcio e da vitamina D com composição corporal e alterações metabólicas em adolescentes de 15 a 17 anos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Silva, Renata Maria de Souza Oliveira e lattes
Orientador(a): Leite, Isabel Cristina Gonçalves lattes
Banca de defesa: Guerra, Maximiliano Ribeiro lattes, Barros, Juliana Faria de Novaes lattes, Priore, Silvia Eloiza lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1205
Resumo: A obesidade na adolescência tem sido considerada um problema de saúde pública, visto que a associação do excesso de peso com alterações metabólicas, como dislipidemia, hipertensão arterial, intolerância à glicose e doenças cardiovasculares, já podem ser observadas neste grupo em questão. Estudos recentes investigam o papel do cálcio e da vitamina D na prevenção de doenças crônicas, como hipertensão arterial, diabetes melitus e obesidade. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi investigar a relação da ingestão de cálcio e vitamina D e níveis séricos de vitamina D com composição corporal e alterações metabólicas em adolescentes do município de Juiz de Fora. O estudo transversal foi realizado nas escolas de ensino médio da região central de Juiz de Fora com adolescentes de 15 a 17 anos de idade. Uma amostra de 302 estudantes foi selecionada após triagem e classificação do estado nutricional. Foram analisadas variáveis antropométricas, consumo alimentar, pressão arterial, nível de atividade física e variáveis comportamentais. Além disso, foram colhidas amostras de sangue para avaliação do perfil lipídico, glicemia e insulina de jejum. Valores de vitamina D e paratormônio foram analisados em uma sub-amostra. O banco de dados e as análises estatísticas foram realizados no software SPSS 17.0. Dentre os avaliados, 150 eram eutróficos e 152 (50,3%) apresentavam excesso de peso. A avaliação da composição corporal demonstrou que 97,4% e 52% dos adolescentes com sobrepeso/obesidade e eutróficos, respectivamente, apresentaram elevado percentual de gordura corporal. De acordo com a análise bioquímica, a maior alteração do perfil lipídico observada foi o aumento do colesterol total (40,4%). Com exceção da glicemia, os adolescentes com excesso de peso apresentaram maiores valores bioquímicos. A inadequação do percentual de macronutrientes em relação ao valor energético total (VET) denota semelhanças entre os sexos e entre adolescentes com e sem excesso de peso. Verificou-se maior percentual de adolescentes com excesso de peso com consumo de lipídios acima da AMDR (Acceptable Macronutrients Distribution Range), em relação aos eutróficos (62,9 vs 44,6%, p = 0,006). A análise de regressão logística demonstrou que a ingestão de alimentos diet/light (OR = 2,95; IC = 1,48–5,89; p=0,002), integrais (OR = 2,21; IC=1,25–3,91; p =0,006) e o elevado consumo de lipídeos (OR =1,81 (1,03–3,15; p=0,036) se comportaram como fatores associados ao excesso de peso. A partir da análise do QFCA, observou-se 23,9% e 16,5% de consumo diário de frutas e vegetais, respectivamente, não tendo sido encontrada associação significativa entre os grupos, perfil lipídico e sexo. Em relação ao consumo de leite e derivados, 59,5% dos adolescentes relataram ingerir diariamente, sendo este consumo maior entre os meninos (p = 0, 029). Somente 5,3% dos adolescentes apresentaram ingestão de cálcio acima da EAR -Estimated Average Requirement - (1100 mg/d). Indivíduos com excesso de peso apresentaram menor ingestão de cálcio que os eutróficos (p = 0,019). Foram observadas correlações negativas entre a ingestão de cálcio e IMC, circunferência da cintura e do quadril, relação cintura/quadril, percentual de gordura corporal, insulina, HOMA-IR e pressão arterial sistólica; e correlação positiva com HDL-colesterol (p < 0,05). Na análise bivariada, indivíduos com ingestão reduzida de cálcio apresentaram maiores chances de terem excesso de peso (OR= 1,85; p = 0,017), alto percentual de gordura corporal (OR= 2,08; p = 0,015), elevada razão cintura/estatura (OR = 1,91; p = 0,012) e hiperinsulinemia(OR = 1,94; p = 0,036). A deficiência e insuficiência de vitamina D foi observada em 1,25 e 70,6% dos adolescentes, respectivamente. Os níveis séricos de 25 (OH)D foram estatisticamente menores em indivíduos com excesso de peso, CC aumentada, hipercolesterolemia e hiperinsulinemia (P <0,05). A média de ingestão de vitamina D (2,18 mg/dia) foi menor do que a EAR. Menores valores de IMC e CC foram observadas entre indivíduos que se encontravam no 3º tercil de ingestão de vitamina D. Este é um dos poucos estudos que investiga a relação da ingestão de cálcio e vitamina D com adiposidade e alterações metabólicas em adolescentes. Esses resultados suportam a função extra-esquelética destes micronutrientes no grupo. Apesar do Brasil ser um país de clima tropical, elevada frequência de insuficiência desta vitamina foi encontrada neste trabalho.