Ephemeroptera (Insecta) em riachos de uma paisagem cárstica do cerrado: diversidade, escala e relações com áreas florestais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Fábio Henrique da lattes
Orientador(a): Raizer, Josué lattes
Banca de defesa: Torres, Viviana de Oliveira lattes, Medina Júnior, Paulino Barroso lattes, Favero, Silvio lattes, Passos, Ricardo Augusto dos lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade
Departamento: Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/5182
Resumo: Estudos com inventários de espécies são importantes e promovem informações em diversas áreas da biologia do grupo em estudo, como distribuição espacial, biogeografia, ecologia de populações e comunidades. Os dados gerados podem ser considerados uma linha de base de informações ecológicas e de biodiversidade e permitem uma possível aplicação futura auxiliando na tomada de decisões e estratégias de conservação. A ordem Ephemeroptera constitui um dos mais importantes grupos da entomofauna aquática encontrados nos mais diversos tipos de ecossistemas aquáticos, associadas às plantas aquáticas e ao sedimento, onde participam ativamente da ciclagem de nutrientes e do fluxo energético. Um fator importante na distribuição e disponibilidade de alimentos para insetos aquáticos é a associação entre o ambiente aquático e a cobertura vegetal. A vegetação no entorno dos rios contribui para o funcionamento do sistema aquático, produtividade, disponibilidade de recursos e fonte de nutrientes e matéria orgânica. Entender a relação entre as espécies e seu ambiente, assim como identificar a escala espacial em que as espécies respondem à estrutura da paisagem é um grande desafio. Essas informações podem ser importantes para auxiliar os tomadores de decisão na gestão, manutenção e restauração da biodiversidade e seus habitats. Esta tese está dividida em dois capítulos complementares sendo o primeiro um trabalho exploratório de levantamento de espécies de Ephemeroptera (Insecta) em riachos cársticos do Cerrado brasileiro, onde apresentamos a distribuição, novos registros e uma lista contendo 35 espécies, 23 gêneros e seis famílias de Ephemeroptera, encontradas no Planalto da Bodoquena, agregando informações importantes sobre o conhecimento da fauna de insetos de riachos cársticos. Camelobaetidius huarpe e Cloeodes vaimaca (Baetidae), Lumahyphes guacra (Leptohyphidae) e Ulmeritoides spinulipenis (Leptophlebiidae) são registradas pela primeira vez no Brasil, enquanto outras 26 espécies representam novos registros para Mato Grosso do Sul. No segundo capítulo testamos o potencial efeito da mudança de escala e da definição operacional na porcentagem de cobertura florestal, sobre grupos tróficos da comunidade de Ephemeroptera (Insecta) de riachos cársticos do Cerrado brasileiro. Nós hipotetizamos que haveria relação entre a riqueza e abundância dos grupos tróficos da comunidade de Ephemeroptera com a mudança de escala e da definição operacional na porcentagem de cobertura florestal, de modo que: i) fragmentadores apresentariam relação positiva com o aumento da cobertura florestal e efeito mais forte em buffers menores, considerando que as espécies utilizam a matéria vegetal disponível pela vegetação ripária; ii) coletores teriam uma relação difusa e efeito indiferente em relação ao tamanho dos buffers, por não dependerem diretamente da entrada de materia da vegetação ripária, pois as espécies podem consumir a matéria particulada produzida por fragmentadores locais, assim como dissolvidas na água e oríundas de áreas a montante; e iii) raspadores teriam uma relação negativa com o aumento da cobertura florestal e efeito mais forte em buffers maiores, considerando que as espécies utilizam matéria a partir da produção autotrófica, que depende da entrada de luz no ambiente aquático. Nossos resultados demonstram que não há uma definição de escala ideal a ser trabalhada para a riqueza ou abundância de espécies, de forma que o uso de um único tamanho de buffer pode levar a intepretações equivocadas. Do ponto de vista prático, acreditamos que o melhor caminho é incluir o procedimento de testar para diferentes métricas e classificações e não assumir a priori escalas. Nossos dados indicam que grupos funcionais distintos respondem diferentemente às métricas de paisagem, o que fortalece a ideia de que as particularidades funcionais da biota respondem a diferentes condições ambientais da paisagem. Estes resultados têm implicações para o planejamento amostral e a conservação, pois demonstra a necessidade de se testar as escalas a serem trabalhadas e de descrever qual a definição operacional de floresta utilizada em cada análise, a fim de evitar erros de interpretações e resultados equivocados, assim como na comparação de resultados em trabalhos futuros.