O sertão de Santana de Paranaíba: um perfil da sociedade pastoril-escravista no sul do antigo Mato Grosso (1830 - 1888)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Camargo, Isabel Camilo de lattes
Orientador(a): Brazil, Maria do Carmo lattes
Banca de defesa: Maestri Filho, Mário José lattes, Esselin, Paulo Marcos lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em História
Departamento: Faculdade de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://200.129.209.58:8080/handle/prefix/334
Resumo: Este trabalho nasceu da necessidade de contribuir para o avanço dos estudos sobre a criação pastoril enquanto atividade importante no processo de formação da sociedade brasileira. A extração predatória promoveu a rápida falência dos eldorados brasileiros (Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás) e atuou no processo produtivo de forma a deslocar os capitais utilizados na mineração para outros setores, entre eles a pecuária. No caso de Mato Grosso, o insucesso da extração mineira se transformou em uma atividade insustentável para a sociedade, aspecto que ensejou o desenvolvimento da propriedade agropastoril. Essa inversão de capitais transformou o sertão mato-grossense num centro atrativo para quem buscava adquirir a posse de imensos terrenos devolutos propícios à criação bovina. No processo de construção do discurso histórico sobre esse objeto, dois aspectos não escaparam de nossa análise: o primeiro refere-se à identificação das ideologias inseridas nos processos temporais, o que ajuda explicar a estreita relação entre poder familiar e estruturas de poder, movimento norteador de grande parte da formação histórica da sociedade brasileira.O outro aspecto relaciona-se à reflexão sobre os mitos fundadores emanados da sociedade em questão. Foi atribuída aos entrantes mineiros e francanos a posição de desbravadores, de primeiros ocupantes, eles chegaram de carreta e a cavalo para ocupar o espaço desabitado. Desde a década de 1830, a região de Santana de Paranaíba foi alcançada pelo movimento de expansão demográfica promovida pelo dito pioneiro colonizador. Os quadros elaborados, a respeito da vida material e social de Santana de Paranaíba, evidenciam o flagrante silêncio historiográfico voltado para a produção pastoril no contexto da ordem escravista, além de revelar que as abordagens sobre os desdobramentos e características dessa atividade exigem projetos efetivos de levantamento de fontes arquivais. Do ponto de vista metodológico, realizamos inicialmente uma rigorosa revisão de literatura e nos surpreendemos com a falta de pesquisas relacionadas ao tema em questão. Como suporte referencial de sustentação, utilizamos o método dialético investigativo que descreve o particular à luz do contexto econômico, político, social e cultural. Foi, no entanto, considerada as novas possibilidades oferecidas pela historiografia recente (francesa e inglesa) nas maneiras de ler e fazer história no sentido de identificar o modo como em distintos lugares e ou em temporalidades diversas uma realidade social é construída. Arrolamos, analisamos e detectamos os limites da produção de escritos memorialísticos ou memórias escritas organizados sob a forma de biografias, genealogias, diários, narrativas e memórias. Também utilizamos fontes históricas encontradas nos arquivos locais e regionais, principalmente o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, onde encontramos uma multiplicidade de fontes envolvendo cartas de liberdade, contratos de posse de escravos, inventários e processos crimes. São materiais produzidos no século XIX, relacionados principalmente no que diz respeito à Comarca de Santana de Paranaíba. Com base nesse material encontramos pistas preciosas para a explicação do processo de formação e desenvolvimento das fazendas, com destaque para os tipos de mão de obra utilizada nas lides pastoris da região.