Insetos fitófagos associados à soqueira de algodoeiro durante o período de vazio sanitário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Rafael Azevedo da lattes
Orientador(a): Degrande, Paulo Eduardo lattes
Banca de defesa: Lamas, Fernando Mendes lattes, Barros, Ricardo lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade
Departamento: Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/1284
Resumo: A planta de algodão (Gossypium hirsutum L.) é uma das principais culturas do Brasil, entretanto vem enfrentando entraves fitossanitários, como o ataque de uma grande diversidade de pragas. A necessidade de intervenções químicas cada vez mais constantes, e a manutenção do nível de infestação dos insetos sob controle configuramse como um grande desafio ao aumento da produção e das produtividades. Por isso, não se deve elaborar um plano de controle baseado em um único método, é necessário levar em consideração a necessidade de adotar medidas que, combinadas harmonicamente, resultem no controle efetivo desses organismos. A destruição de soqueiras é uma das táticas do Manejo Integrado de Pragas que devem ser adotadas como medida profilática no controle de pragas. É regulamentada pela medida sanitária Legislação Federal (Portarias do Ministério da Agricultura, nº 75 de 16 de junho de 1993, nº 77 de 23 de junho de 1993 e nº 116 de 16 de junho de 1994) e regulamentada no Mato Grosso do Sul pela Resolução SEPRODES/MS nº 355 (Mato Grosso do Sul, 1999) que dispõe sobre medidas de controle da praga Anthonomus grandis e dá outras providências. Este trabalho teve por objetivo analisar a composição de insetos pragas que ocorrem durante o período de vazio sanitário em restos culturais de algodão no estado do Mato Grosso do Sul. O presente trabalho foi divido em duas regiões (norte e sul do estado), de acordo com a divisão proposta para os calendários para vazio sanitário no MS. Os municípios utilizados para o estudo na região Norte foram Alcinópolis, Chapadão do Sul e Costa Rica, e na região Sul do estado foram os municípios de Dourados e Sidrolândia. Foi determinado um delineamento amostral padrão para os municípios de Alcinópolis, Chapadão do Sul, Costa Rica e Sidrolândia, sendo duas unidades amostrais por município. Cada unidade amostral era composta por cem pontos aleatórios, sendo utilizada a mesma região durante todo o período de avaliação. Em cada ponto aleatório foram vistoriados e contabilizados os insetos pragas que ocorriam nas plantas de algodão. As avaliações foram realizadas em áreas que apresentavam soqueira, rebrota e tiguera de algodoeiros, sendo cada avaliação realizada a cada 13 dias. Na região Sul, o período de avaliação foi compreendido do dia 01 de junho de 2015 a 31 de setembro de 2015. Na região Norte, o período foi do dia 15 de setembro de 2015 a 30 de novembro de 2015, datas essas regulamentadas por lei para o início e final do vazio sanitário do algodoeiro no estado do Mato Grosso do Sul. Foi realizada a análise do número rarefeito, visando detectar se o esforço amostral foi suficiente, a qual demonstrou um número satisfatório de amostras para detectar possíveis novas espécies. Durante o período de vazio sanitário foram amostradas um total de 23 espécies de insetos-pragas distribuídas em cinco ordens e quinze famílias. Ao analisar a composição de espécies, foi possível observar a competição interespecífica entre as espécies Bemisia tabaci biótipo B Hemiptera: Aleyrodidae), Aphis gossypii (Hemiptera: Aphididae) e Frankliniella schultzei (Thysanoptera: Thripidae). As regiões do estado também se diferiram, onde foi predominante na região Norte B. tabaci, F. schultzei, Anthonomus grandis (Coleoptera: Curculionidae), Dysdercus spp. (Hemiptera: Pyrrhocoridae), Agallia sp. (Hemiptera: Cicadellidae), Lagria villosa (Coleoptera: Tenebrionidae), Euchistus heros (Hemiptera: Pentatomidae), Planococcus minor (Hemiptera: Pseudococcidae) Edessa meditabunda (Hemiptera: Pentatomidae), Liriomyza sp. (Diptera: Agromyzidae), Dichelops melacanthus (Hemiptera: Pentatomidae), Horciasoides nobilellus (Hemiptera: Miridae) ,Chinavia sp. (Hemiptera: Pentatomidae), Helicoverpa spp. (Lepidoptera: Noctuidae), Alabama argillacea (Lepidoptera: Noctuidae), Pectinophora gossypiella (Lepidoptera: Gelechiidae) e Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae), enquanto na região Sul, as espécies predominantes foram: Aphis gossypii (Hemiptera: Aphididae), Diabrotica speciosa (Coleoptera: Chrysomelidae), Astylus variegatus (Coleoptera: Dasytidae), Conotrachelus denieri (Coleoptera: Curculionidae), Chrysodeixis includens (Lepidoptera: Noctuidae) e Cerotoma arcuatus (Coleoptera: Chrysomelidae). Em relação à ocorrência de pragas e aos períodos de avaliação, tivemos a predominância da ocorrência de B. tabaci, Dysdercus spp, A. gossypii e F. schultzei no início do período do vazio sanitário até o 29° Dia Após Início do Vazio Sanitário (DAIVS), A. gossypii não apresentou a maior abundância durante o início do período, entretanto sua população foi constatada durante todo o período das avaliações realizadas. A. grandis não apresentou diferença em relação ao período de avaliação, sendo constatado desde as primeiras avaliações até o final do vazio sanitário em todos os municípios de estudo. O complexo de percevejos (E. heros, E. metidabunda e D. melacanthus) e lagartas (C. includens, S. frugiperda, Helicoverpa spp.) que ocorreram em plantas de algodão e que também ocorrem na cultura da soja, tiveram um predomínio de ocorrência a partir do 43° DAIVS, sendo constatado sua presença em restos culturais de algodão, em meio a cultura da soja. As outras espécies de fitófagos relatados neste trabalho (Agallia sp., D, speciosa, L. villosa, Liriomyza sp., H. nobilellus, Chinavia sp., A. variegatus, C. denieri, A. argillacea, P. gossypiella e C. arcuatus) não apresentaram um padrão de comportamento ao longo do período de estudo, sendo necessários estudos mais aprofundados a respeito do período de ocorrência das mesmas durante o período de entressafra do algodoeiro. Conclui-se, portanto, que há a necessidade da correta e rápida destruição de soqueiras, visando a não sobrevivência e alimentação de pragas em restos culturais de algodoeiro para minimizar os riscos de infestação durante a safra seguinte.