Das comissões de heteroidentificação às construções de identidades: uma análise sociológica da negritude (re)significada pelos alunos pardos dos cursos de Direito e Medicina da UFGD ingressantes pelo PSV e SiSU (2019-2021)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Campos, Elizangela de Souza Bernardes lattes
Orientador(a): Aguiar, Marcio Mucedula lattes
Banca de defesa: Santos, Maria de Lourdes dos lattes, Faisting, André Luiz lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Sociologia
Departamento: Faculdade de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/5165
Resumo: Analisa-se o impacto dos procedimentos para validação da autodeclaração de negro/a (preto/a ou pardo/a), realizados pela Comissão Geral de Heteroidentificação da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), sobre a identidade étnico-racial dos alunos pardos ingressantes, nos cursos de Medicina e Direito, por meio de Processo Seletivo Vestibular (PSV/UFGD) e do Sistema de Seleção Unificada (SiSU/MEC), referentes ao período de 2019-2021. Buscou-se identificar a superação de desafios enfrentados pelos alunos negros-pardos para sua (re)significação enquanto pessoas negras diante da Comissão e a consequente descoberta da sua identidade negra. A metodologia adotada tem como base a revisão bibliográfica, no que se refere à construção da identidade étnico-racial a partir da teorização de Kabengele Munanga, Stuart Hall, Fantz Fanon, Homi Bhaha, Oracy nogueira e Neuza Santos Souza, bem como a reconstituição de pesquisas existentes sobre ações afirmativas para acesso à universidade. Quanto aos processos de ingressos normatizados na UFGD, foram realizadas análises de documentos institucionais e entrevistas com membros da Comissão Geral de Heteroidentificação e alunos dos dois cursos mencionados. Igualmente, foram analisados os desafios enfrentados pela referida Comissão para coibir fraudes nas vagas de recorte racial do PSV/UFGD e do SiSU/MEC, no recorte temporal mencionado, sem incorrer no risco da racialização. Os principais resultados encontrados demonstraram que os alunos negros-pardos dos cursos de Medicina e Direito são vítimas de preconceito racial, muito embora não tenham muito clara a consciência da sua identidade negra até o momento da validação da sua autodeclaração racial. Dentre as conclusões, destaca-se que um dos efeitos observados foi a congruência acerca do mecanismo de controle da ação afirmativa pela referida Comissão, como meio que favorece a redescoberta da identidade negra de negros-pardos, auxiliando-os a se autoafirmarem enquanto negros, possuidores de direitos e protagonistas de transformação da sociedade brasileira; o que ratifica a Comissão de Heteroidentificação como a porta de entrada para um mundo de redescobrimentos e (re)significação identitária dentro da universidade pública brasileira.