História do lar Santa Rita e a assistência à infância em Dourados-MT/MS (1965- 1982)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Vargas, Priscila Demeneghi da Silva lattes
Orientador(a): Sarat, Magda Carmelita lattes
Banca de defesa: Ribeiro, Betania de Oliveira Laterza lattes, Furtado, Alessandra Cristina lattes, Ziliani, Rosemeire de Lourdes Monteiro lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/5490
Resumo: Esta dissertação teve como tema o Lar Santa Rita de Cássia, uma Organização Não Governamental (ONG), fundada no ano de 1965 para realizar o acolhimento das crianças abandonadas do município de Dourados-MT/MS e região, e continua em pleno funcionamento nos dias atuais. O objetivo foi narrar e analisar a história desta instituição, tendo como recorte temporal os anos de 1965 a 1982, período que corresponde, respectivamente, à data de fundação da entidade a ao término de sua primeira gestão diretiva. Tratou-se de pesquisa qualitativa, cujas fontes utilizadas foram os livros ata, livros de registro, fotografias, jornais e legislação da época, obtidas por meio de acesso ao arquivo institucional e a arquivo privado de colaboradores. Também foram analisadas entrevistas semiestruturadas com quatro sujeitos que fizeram parte da história da instituição, obtidas e tratadas a partir da metodologia da História Oral. Para problematizar as fontes inventariadas recorreu-se aos escritos de Norbert Elias e de outros autores que dialogam com essa perspectiva teórica. Feita a seleção do corpus, elencou-se as seguintes categorias de análise: origem/fundação, instalação (prédio/espaço/local), aspectos de funcionamento da instituição durante a sua primeira gestão, promoções, campanhas e festas realizadas visando a subsistência e o trabalho filantrópico da assistência. Após as análises empreendidas, inferimos que o Lar Santa Rita foi fundado devido ao elevado número de crianças abandonadas no município e na região. Logo nos seus primeiros anos de fundação, atendeu a um número considerável de crianças abandonadas em frente ao seu prédio e a muitas outras encaminhadas pelas próprias famílias, tendo sido responsável por abrigar uma ampla parcela da população douradense no período. Em decorrência dos objetivos e regras inscritos em sua documentação, evidenciou-se que o Lar Santa Rita se incumbiu de civilizar as crianças atendidas, controlando seus modos de ser, de se comportar, ensinando-lhes padrões e normas específicas de portar-se socialmente de modo a torná-las parte de determinado grupo. Ao mesmo tempo, a disciplina instituída em nome do “bom funcionamento da instituição” visou estabelecer e projetar o lugar de dominação dos adultos, em meio às relações de poder ali estabelecidas. Quanto ao seu funcionamento, observou-se que o Lar Santa Rita, desde a sua fundação, e pelo menos até 1982, realizou festas, celebrações e promoções a fim de se manterem pleno funcionamento e se perpetuar ao longo dos anos, tendo a comunidade participado ativamente desse processo. Tal participação incluiu, sobretudo, indivíduos pertencentes à elite douradense, cujas ações eram comumente divulgadas no jornal local O Progresso e reconhecidas em atas da instituição, aspecto a partir do qual foi possível problematizar tal participação filantrópica, caridosa, como sendo de certo modo “interessada”, pois resultava em divulgações diretas/indiretas dos “benfeitores” – em geral, políticos e suas esposas. Concluímos que o Lar Santa Rita, entre 1965 e 1982, possuiu um papel significativo por ser a primeira instituição fundada com vistas ao acolhimento das crianças pequenas abandonadas no município de Dourados e região, e que seu funcionamento no período tornou-se possível graças às ações e práticas inscritas em figurações de poder.