Zika vírus em gestantes atendidas no ambulatório especializado (GestaZika) durante epidemia em Dourados, Mato Grosso do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Postal, Alessandro lattes
Orientador(a): Negrão, Fábio Juliano lattes
Banca de defesa: Simionatto, Simone lattes, Barros, Marcio Eduardo de lattes, Santos, Joyce Alencar lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Ciências da Saúde
Departamento: Faculdade de Ciências da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/2638
Resumo: A Organização Mundial de Saúde classificou a Zika como agravo de saúde pública de importância mundial, pois o vírus da Zika ao entrar no Brasil mudou seu padrão epidemiológico, com dispersão para diversos estados e outros países das Américas. Associado a essa dispersão foi descrita uma nova apresentação da doença, a Síndrome Congênita da Zika. Para descrever as manifestações clínicas e a repercussão fetal da doença da Zika, gestantes epuérperas encaminhadas ao ambulatório especializado do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados com suspeita da infecção foram incluídas utilizando três critérios: 1) Gestantes com quadro clínico de exantema cutâneo iniciado nos últimos sete dias antes da consulta, acompanhado ou não de outros sintomas; 2) Gestantes que durante a gravidez apresentaram alteração ultrassonográfica suspeita de Síndrome Congênita da Zika; 3) Puérperas cujos recém-nascidos se enquadrassem como caso suspeito ou confirmado de Síndrome Congênita da Zika. Foram aplicados questionários clínicos e socioeconômicos e realizados exames para o diagnóstico diferencial das arboviroses e das doenças do grupo TORCH (toxoplasmose, sífilis, rubéola, citomegalovírus e herpes). No período entre março de 2016 a março de 2018, foram incluídas inicialmente 51 mulheres, sendo 42 gestantes com exantema, cinco gestantes com alteração ultrassonográfica, três puérperas com os recémnascidos com suspeita de SCZ e uma paciente com Citomegalovírus, que foi excluída após o diagnóstico. Dessas 50 mulheres que permaneceram no estudo, 44 (88%) mulheres procedentesde Dourados e seis (12%) da Grande Dourados, somente um caso não foi classificado como autóctone. Não houve concentração social ou etária com a idade variando entre 15 e 37 anos (média = 27,6 anos, desvio-padrão de 5,2 anos), com maior número de pacientes entre 30 a 34 anos (34%). O exantema esteve presente em 88% dos casos, sendo 40,9% localizado no tronco,34,1% nos membros superiores e se espalhou pelo corpo em 72,7% das pacientes. Quanto aos demais sintomas, o prurido foi o mais frequente, sendo referido em 58% das mulheres, seguido de cefaleia (40%) e febre (38%) que teve duração média de 2,3 dias. Foram menos observados outros sintomas, como mialgias (34%), prostração (28%), dor retro-ocular (26%), fadiga (24%), hiperemia conjuntival (22%) e dor articular em 20%. Raramente foram descritos sintomas como náuseas, vômitos, diarréia ou dor abdominal. Quanto ao diagnóstico laboratorial, das 50mulheres avaliadas, somente dez pacientes foram positivas para o vírus da Zika, dessas, nove pela detecção molecular do genoma viral e uma por detecção de anticorpos do tipo IgM. Não houve coinfecção para arboviroses ou outras doenças do grupo TORCH. Quatro pacientes diagnosticadas positivas para o vírus do Dengue, nenhuma para o vírus da Chikungunya e uma paciente para o vírus da imunodeficiência humana. Dentre essas dez mulheres positivas para o vírus da Zika, independente do trimestre gestacional em que ocorreu a exposição, somente trêsgestações tiveram repercussão fetal e foram classificadas com Síndrome Congênita da Zika. Outras quatro gestantes negativas para o vírus da Zika foram também classificadas como Caso Confirmado de Infecção Congênita, porém sem Identificação Etiológica. Foram descritasdiversas alterações, durante a gestação a mais frequente foi a ventriculomegalia cerebral e, ao nascimento foi a microcefalia. A sintomatologia observada na gestante foi leve, contudo foi possível observar resultados graves, incluindo morte neonatal, microcefalia e outras graves alterações cerebrais no concepto. Microcefalia e outras alterações ao nascimento são comuns na Síndrome Congênita da Zika, contudo é necessário o acompanhamento longitudinal das crianças expostas para determinar se há outras consequências da infecção durante a infância, tornando-se necessários mais estudos.