Mulheres assentadas produzindo movimentos nos espaços da reforma agrária

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Minozzo, Ivaneide Terezinha lattes
Orientador(a): Menegat, Alzira Salete lattes
Banca de defesa: Campos, Míria Izabel lattes, Faisting, André Luiz lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Sociologia
Departamento: Faculdade de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/5337
Resumo: Nesta pesquisa, analisam-se trajetórias de mulheres assentadas em Mato Grosso do Sul que, junto a seus movimentos sociais, conquistaram o direito de propor e de participar do Curso de Graduação em Ciências Sociais, na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) durante os anos de 2008 a 2012, ofertado para pessoas de assentamentos rurais do estado. Com a pesquisa, busca-se compreender os projetos que moveram as mulheres assentadas a participarem de um curso de ensino superior, em uma universidade pública, vencendo distâncias geográficas e sociais, que as separava da universidade, bem como entendendo o que este propiciou em suas vidas. Em um universo de 56 alunos e alunas participantes do referido curso, provenientes de diversos assentamentos, localizados em diferentes municípios e regiões de Mato Grosso do Sul, havia 33 mulheres, o que representou quase 60% do total de estudantes. Dentre elas, foram selecionadas 20 para a aplicação das entrevistas, observando um campo que contemplasse a totalidade das regiões de abrangência do curso, de onde eram oriundas. Parte-se da ideia de que as alunas construíram autonomia na luta pela terra, fato que as levou até a universidade em busca da ampliação na formação educacional, sem, no entanto, deixarem os assentamentos após a conclusão do curso, o que lhes possibilita seguirem nos plantios nos assentamentos. Ao concluírem o curso, não abandonaram a identidade de semterra, apenas a fortaleceram, tornando-se e/ou mantendo-se na condição de assentadas e professoras, numa estratégia para construírem seus lugares, de acordo com seus referenciais, o que implica na ampliação da defesa de uma educação no e do campo. Para alcançar este objetivo, fez-se uso da abordagem qualitativa, ouvindo os relatos de suas trajetórias, analisando documentos que tratam da organização do curso, bem como fotografias registradas por docentes durante a graduação. Realizaram-se análises à luz da contextualização bibliográfica referente ao tema da reforma agrária, da ação dos movimentos sociais e da educação do campo, especialmente, os materiais publicados durante o curso, os quais contêm análises de professores e alunos, apresentando os resultados dessa ação. Os resultados da pesquisa, com base nos referenciais teóricos e nos relatos das egressas do curso, evidenciaram que, por meio da educação, houve a ampliação da compreensão das estruturas da sociedade, movendo-as na reivindicação e na conquista de direitos, criando melhores condições de permanecerem na terra, sempre tendo presente a preocupação com as gerações futuras. Essa constatação está presente em todo o processo de análise dos seus relatos, quando detalham suas trajetórias e experiências, nas percepções, questionamentos, desafios, lutas e conquistas, plasmadas em todo o desenrolar do estudo. Os dados da pesquisa mostram a importância da luta coletiva, visto que os movimentos sociais protagonizaram ações coletivas, promovendo organizações internas com a formação de grupos de produção, cooperativas, lutando por direitos, ou pelo desenvolvimento da produção e da comercialização. Nesse coletivo, as mulheres egressas atuaram, foram protagonistas de ações, debatendo dilemas com vistas a mudar o cotidiano das relações sociais tidas como conflituosas, buscando relações de respeito, dignidade e equidade.