Epidemiologia da infecção pelo vírus da hepatite B em cortadores de cana manual do Brasil: um estudo multicêntrico
Ano de defesa: | 2018 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Goiás
Faculdade de Enfermagem - FEN (RG) Brasil UFG Programa de Pós-graduação em Enfermagem (FEN) |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/8508 |
Resumo: | Apesar do grande impacto do vírus da hepatite B (HBV) em todo mundo, investigações têm se concentrado em grupos urbanos, sendo poucos estudos voltados para a população rural. No Brasil, os cortadores de cana-de-açúcar manual compõem um grupo de trabalhadores rurais expostos a um cenário multifatorial, que os tornam vulneráveis ao HBV. O objetivo deste estudo foi investigar a epidemiologia da hepatite B em cortadores de cana-de-açúcar manual dos Estados de Goiás e Paraíba. Trata-se de uma investigação multicêntrica, de corte transversal e analítico, realizada nos Estados de Goiás e Paraíba, Região Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, respectivamente. A coleta de dados ocorreu em 2016 e foram recrutados 937 cortadores de cana-de-açúcar, com idade igual ou acima de 18 anos. Todos os indivíduosforam entrevistados e testados para a detecção dos marcadores sorológicos da hepatite B (HBsAg, anti-HBs e anti-HBc), por meio do ensaio imunoenzimático (ELISA). Análises univariada e múltipla, por meio da regressão logística, foram utilizadas para identificar associação entre exposição ao HBV e variáveis sociodemográficas e comportamentais. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa das Universidades Federais de Goiás e Paraíba. Todos os cortadores de cana (n=937) eram do sexo masculino, majoritariamente adultos jovens (68,9%), com idade média de 35,4 anos e naturais da Região Nordeste do país (85,7%). Do total, 78,8% referiram renda mensal inferior a R$ 2.000,00 (dois mil reais) e quase a metade dos participantes (47,4%) declarou quatro anos de estudo ou menos. Entre os participantes, 49,4% iniciaram a atividade sexual precocemente, com idade entre 7 e 15 anos; 77,2% relataram ingestão de bebida alcoólica; 29,6% informaram experiência em moradia compartilhada; 39,8% afirmaram dois ou mais parceiros sexuais no último ano; e 46,5% mencionaram não ter utilizado o preservativo em igual período. Além disso, 45,8% compartilharam material cortante de higiene; 55,0% referiram história de internação hospitalar e 53,9% sofreram acidente no trabalho. A prevalência global de exposição ao HBV foi de 15,9% (IC 95%: 13,7% - 18,4%). O marcador de infecção HBsAg foi detectado em sete indivíduos, todos apresentaram pelo menos um comportamento de risco para hepatite B. Somente 20,6% (n=193; IC 95%: 18,1% - 23,3%) apresentaram títulos de anti-HBs isolado, indicando vacinação prévia. Observou-se que relato de dois ou mais parceiros sexuais nos últimos doze meses e história de internação hospitalar (p<0,05) foram preditores para a exposição ao HBV, ratificando as vias de transmissão parenteral e sexual. Esses resultados mostram a necessidade de estratégias efetivas de prevenção da hepatite B entre os cortadores de cana, com foco na oportunidade, oferta e administração da vacina contra hepatite B. |