Exportação concluída — 

Arqueogenealogia das interdições, separações e segregações de sexo/gênero nos esportes: o jogo discursivo sobre as mulheres

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Passos, Adriano Martins Rodrigues dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Goiás
Faculdade de Ciências Sociais - FCS (RG)
Brasil
UFG
Programa de Pós-graduação em Sociologia (FCS)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/11970
Resumo: Nesta tese, busquei construir uma arqueogenealogia das práticas de interdição, separação e segregação das mulheres nos esportes, em especial na ginástica artística e no atletismo, a partir de um recorte histórico que cobriu o final do século XVIII e se estendeu até 2018. Focado basicamente nos regimes de verdade das ciências biomédicas, manuais e métodos de ginástica (exercícios físicos), manuais de etiqueta e bons modos, revistas e jornais do cotidiano, além de minutas, relatórios, memorandos, compêndios de regras e códigos de pontuação do Comitê Olímpico Internacional (COI), Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF), Federação Internacional de Ginástica. Esses documentos foram recuperados através da Bibliothèque Nationale de France, do Centre d’Études Olympiques, da Fédération Internationale de Gymnastique, da Hemeroteca Digital Brasileira e por intermédio de e-mails trocados com a IAAF - Archives and Records Management. Mediante essa base de dados, me empenhei em identificar, classificar e analisar os acontecimentos (enunciados, práticas, eventos, ditos e não ditos) que emergiam, operavam e influenciavam na situação social das mulheres, suas corporalidades e a dinâmica do ordenamento do gênero no século XIX, XX e partes do XXI, tanto na Europa como no Brasil. Pensando especificamente sobre o esporte no interior dos Jogos Olímpicos Modernos, minha principal finalidade foi revelar e analisar os jogos de poder e saber em relação às mulheres, seus corpos e os usos que elas poderiam conferir a eles no interior de práticas corporais e esportes. Se de um lado, elas foram alcançando maior poder político, autoridade grupal, liderança e força carismática, por outro, seus avanços sobre o território esportivo, considerado de domínio dos homens, fizeram emergir toda a uma gama de estratégias, práticas, organizações, disposições, adaptações que tiveram a função de instituir e manter um quadro regulatório rígido, que ainda hoje se faz atuante. Esse dispositivo de segurança, sustentado por valores médios daquilo que os corpos sexuados poderiam ou não desempenhar, somado ao velho apego seletivo do ideal ético da igualdade de condições nas competições esportivas e de sentidos de valores sobre justiça e injustiça, tem garantido a perenidade das interdições, separações e segregações. Tudo isso mantido pela bicategorização sexual das modalidades, provas, equipamentos, regras, vestimentas, códigos de pontuação e mecanismos de valoração social, cultural e econômica de mulheres e homens atletas. Assim, a tese problematiza o aumento da participação das mulheres nos esportes e nas competições consubstanciado com a submissão dos seus desempenhos, estéticas e expressões, frente a um quadro regulador complexo, insidioso e eficaz, materializado na concepção de que a diferenciação das provas, aparelhos, movimentos corporais e expressões seja “natural” e que seja urgente, “necessário” e “justo” a implantação das políticas de elegibilidade que prometem proteger as atletas e as competições com mulheres, ainda que para isso, seja “inevitável” excluir e aviltar outras atletas, sobretudo mulheres negras com variações intersexuais e oriundas de países colonizados.