Discurso, mídia e identidade: uma arqueogenealogia do sujeito quilombola nas páginas do Jornal O Estado do Maranhão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Sousa, Claudemir [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191978
Resumo: Esta pesquisa analisa a constituição do sujeito quilombola em enunciados do Jornal O Estado do Maranhão. O principal objetivo é descrever e interpretar o modo de enunciar (FOUCAULT, 2008a) o sujeito quilombola na instância midiática. Além disso, estabeleceremos relação entre as discussões de Almeida (2006; 2008a; 2008b), Arruti (2003), Assunção (2012), Moura (1992) e O’Dwyer e Carvalho (2002), que fornecem uma abordagem historiográfica, sociológica e antropológica acerca do quilombo; a instância da lei, a partir do artigo 68 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), da Constituição Federal brasileira de 1988, que garante a posse de terras aos remanescentes de quilombo que as ocupem, bem como os Decretos, Portarias e Instruções Normativas que regulamentam esse procedimento; e também com a perspectiva dos habitantes da comunidade quilombola Jamary dos Pretos, localizada na cidade de Turiaçu, estado do Maranhão (MA), a partir da análise de duas letras de música produzidas por eles: uma composta para o aniversário de 170 anos da comunidade, em 2011, e outra da manifestação cultural chamada “tambor de crioula”, que também homenageia a comunidade, bem como de entrevista com um morador dessa comunidade e de outras. A ancoragem teórica para nossa pesquisa é a arqueogenealogia de Michel Foucault. Nesse arsenal teórico, a genealogia é compreendida como uma instância em que se confrontam o saber erudito, tido como aquele que goza de reconhecimento e status científico, e o saber dominado, entendido como um saber menor diante da pretensão de verdade e cientificidade do saber erudito, e a arqueologia é concebida como um método de análise das discursividades locais (FOUCAULT, 2013b). Os enunciados do jornal que analisamos foram organizados a partir das regularidades entre três escolhas temáticas mobilizadas para discursivisar o sujeito quilombola, a saber: Comemoração da liberdade e luta pela consciência negra; O sujeito quilombola e o Centro de Lançamento de Alcântara; Lutas por reconhecimento e conquista de direitos sociais: a governamentalização dos sujeitos quilombolas. Concluímos que a discursivização do sujeito quilombola no jornal O Estado do Maranhão sofre movências, que vão de um fenômeno do passado distante a um entrave ao desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do país, pois habita um território em disputa para a construção e expansão da base espacial de Alcântara (MA), devendo, com isso, deslocar-se dos lugares onde guarda suas histórias. Esse sujeito também emerge como um cidadão de direito, mas que precisa ser classificado e distinguido dos demais para ter acesso a direitos sociais. Nesse sentido, nas três séries enunciativas aqui recortadas, o jornal expõe as diversas lutas do sujeito quilombola com o sistema capitalista.