Pessoas em situação de rua abrigadas: uma população-chave na epidemiologia da sífilis e infecção pelo HIV em Goiânia-Goiás
Ano de defesa: | 2017 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Goiás
Faculdade de Enfermagem - FEN (RG) Brasil UFG Programa de Pós-graduação em Enfermagem (FEN) |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/8102 |
Resumo: | O contato com a rua expõe o indivíduo a um risco elevado de exploração física, sexual e envolvimento em atividades ilícitas como formas de sobrevivência e manutenção de suas necessidades básicas. Somado a isso, baixos níveis educacionais, condições precárias de higiene, baixa renda, desemprego, má nutrição e acesso limitado aos serviços de saúde aumentam a vulnerabilidade da população em situação de rua às infecções sexualmente transmissíveis (IST), como o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e sífilis. O objetivo do presente estudo foi investigar o perfil epidemiológico da infecção pelo HIV e sífilis em indivíduos em situação de rua abrigados em Goiânia, Goiás. Trata-se de um estudo observacional, analítico, de corte transversal realizado em indivíduos abrigados na Casa de Acolhida Cidadã I (CAC) em Goiânia-GO. No período de setembro de 2014 a agosto de 2015, foram recrutados 355 indivíduos em situação de rua. Todos participantes foram entrevistados e testados para os marcadores sorológicos HIV (anti-HIV 1 e 2) e sífilis (anti-T. pallidum) pelo teste rápido. As amostras positivas para anti-T. pallidum foram submetidas ao VDRL. Do total de indivíduos recrutados, 81,4% eram do sexo masculino, jovens (mediana: 36 anos), solteiros (59,4%) e que se autodeclararam pardos/morenos (60,6%). Mais da metade tinha de cinco a nove anos de estudo, 35,7% relataram não possuir renda e a maioria referiu possuir alguma religião. A mediana de tempo de permanência na CAC foi de 10 dias e 57,5% tiveram experiência de pernoite na rua. Estimou-se uma prevalência para anti-HIV de 3,9% (IC 95%: 2,3-6,4%). Das 355 amostras testadas pelo teste rápido para sífilis, 22,0% (IC 95%: 17,9-26,5%) foram positivas e 8,2% (IC 95%: 5,6-11,4%) apresentaram títulos de VDRL. A prevalência de coinfecção HIV/sífilis ativa foi de 0,6% (2/355; IC 95%: 0,09 – 1,85). Em análise de regressão logística multivariada, uso diário de bebida alcoólica (OR ajustado: 4,0; p=0,02), sexo com portador(a) do HIV/aids (OR ajustado: 8,1; p=0,00) e sexo com pessoas do mesmo sexo (OR ajustado: 4,6; p=0,01) foram independentemente associadas a infecção pelo HIV. As variáveis idade ≤ 36 anos (OR ajustado: 3,3; p=0,02), casado/união estável (OR ajustado: 2,9; p=0,02), testagem prévia para sífilis (OR ajustado: 2,6; p=0,03), antecedente de IST (OR ajustado: 3,4; p=0,00) e uso de crack nos últimos seis meses (OR ajustado: 3,6; p ≤0,001) foram preditores para sífilis ativa. Os resultados do presente estudo mostram que a prevalência de sífilis e infecção pelo HIV em pessoas situação de rua abrigadas é alta, sendo importante o desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle, incluindo aconselhamento e testagem, bem como o oferecimento de tratamento para IST nos cenários de rua e abrigos temporários e/ou permanentes. |