"A água tem que ser viva e pra gente viver”: o dissenso dos consensos na apropriação da água no Alto Rio São Marcos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Nascimento, Aline Cristina do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Goiás
Instituto de Estudos Socioambientais - IESA (RG)
Brasil
UFG
Programa de Pós-graduação em Geografia (IESA)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/10964
Resumo: A relação entre natureza e conflito vem sendo objeto de diversas análises. Entre os elementos naturais, a água é um dos que vem sendo apontado – na dimensão da escassez – como suscetível de desencadear conflitos. Todavia, a relação entre tensões e água é um processo de multicausalidade e, portanto, envolve inúmeros fatores de diferentes escalas geográficas e estruturais que coadunam na avaliação de que a água gera conflito, consideradas as contradições nas formas de apropriação capitalista, na luta de classe e no poder e sua materialização da produção do território, entre outros elementos. Diante disso, parte-se do argumento de que o conflito pela água é um processo de diferentes fatores e diferentes escalas, dado pela apropriação capitalista da água na sua contradição entre a concepção de “água vida” e “água mercadoria”, estabelecida na luta de classe que se materializa na relação de poder. Além disso, argumenta-se ainda, que, do centro/núcleo dessa causalidade, qual seja, as diferentes lógicas/concepções de água, pode-se gerar uma catarse capaz de questionar a forma capitalista da água ao considerá-la como bem comum. Portanto, a pesquisa apoia-se na revisão bibliográfica e no estudo empírico da Bacia Hidrográfica do Alto Rio São Marcos. Dentre os resultados encontrados, percebe-se que as formulações de escassez da água como causa de conflito engendram uma relação fetichizada, na qual os mecanismos de gestão são separados das práticas de apropriação e integrados a valores legitimados pelo capital, materializado no agrohidronegócio. Ademais, a partir de um mergulho na concepção camponesa sobre a água, desvela-se a matriz do conflito que, em nosso entendimento, é capaz de considerar que a natureza pertence à humanidade e, portanto, a todos que precisam dela para viver. Os resultados apontam que a natureza do conflito na referida bacia hidrográfica surge da contradição na apropriação capitalista da água e que dela emerge a lógica/concepção da água como bem comum, como condição de reprodução da vida humana.