Histeria: poética da interpretação na performance das cenas de loucura em ópera

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Dumont, Danielle Myriam
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Goiás
Escola de Música e Artes Cênicas - EMAC (RG)
Brasil
UFG
Programa de Pós-graduação em Musica (EMAC)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/7412
Resumo: Este trabalho é uma pesquisa artística que consiste na conjugação entre uma reflexão poético-filosófica acerca da interpretação de cenas de loucura em ópera e a performance do espetáculo Histeria: uma loucura operística. Enquanto método, procura-se fazer da poética e da interpretação um caminho para a performance e, portanto, para o saber artístico. Para isso, é preciso compreender o intérprete enquanto co-criador, pois enquanto nele a obra se apresenta, qualquer resultado possível de sua interpretação será sempre na medida de seus sentidos e de sua compreensão, de seu sentir-pensar, de seu corpo e de sua alma. O sentir e o pensar do homem são sempre intransferíveis e autênticos. A autenticidade, isto é, a originalidade de se permitir sentir e pensar, e portanto, ser, é também loucura. Enquanto é distanciamento de um padrão e um instaurar autêntico do ser humano, a loucura é convite para o caminho interpretativo, para o poetizar-se; é caminho para vida. O cantor, no papel de intérprete, é também instaurador de mundo. Enquanto empresta sua voz às musas, ele cria, mede-se com o divino. Instaurar-se a si mesmo, vir-a-ser, autenticamente, é não só um ato de divinização do próprio ser humano, mas também um ato de loucura. A loucura é sempre transgressão do padrão para um modo de ser originário e autêntico. As mulheres, por sua vez, são a figura culminante da transgressão e da loucura: elas são as histéricas e desobedientes, ao mesmo tempo que são as mães amorosas e geradoras da vida no corpo. O corpo feminino é poético. Nele ressoa a voz poética, criadora. É da relação entre a loucura, o feminino, a voz poética e a performance que nasce o espetáculo Histeria. Este espetáculo operístico solo, dividido em dois atos, conta a trajetória feminina da loucura e do vir-a-ser poético da personagem Lúcia. Numa composição de enredo e performance cênico-vocal completamente original, o espetáculo reúne textos próprios, de outros autores e árias de cenas de loucura em ópera de diversos compositores: a cena de loucura de Ofélia (da Ópera Hamlet, de Ambroise Thomas), À vos jeux, mes amis... Partagez-vous mes fleurs!… Pâle et blonde; a grande cena de Lucia (da Ópera Lucia di Lammermoor, de Gaetano Donizetti), Il dolce suono... Spargi d’amaro pianto; a ária Ah! non credea mirarti (La Sonnambula, de Vincenzo Bellini); O rendetemi la speme... Vien, diletto…, de Elvira (I Puritani, também de Bellini); Ombre légère (Dinorah ou Le Pardon de Ploërmel, de Giacomo Meyerbeer); e Glitter and be gay (Candide, de Leonard Bernstein). Histeria é o florescimento da potência criativa feminina, por meio da voz e do corpo.