Exposição a agrotóxicos e alterações auditivas em trabalhadores rurais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Mattiazzi, Ângela Leusin
Orientador(a): Battisti, Iara Denise Endruweit
Banca de defesa: Visentini, Monize Sâmara, Stumm, Eniva Miladi Fernandes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Políticas Públicas
Departamento: Campus Cerro Largo
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/1754
Resumo: O trabalho rural é uma das ocupações mais perigosas da atualidade devido ao uso intenso de agrotóxicos. A exposição frequente a estas substâncias pode causar danos à saúde do trabalhador rural. Estudos apontam que os agrotóxicos podem ser nocivos à audição, inclusive a perda auditiva pode ser um sinal precoce de intoxicação. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi analisar a relação entre exposição a agrotóxicos e ocorrência de alterações auditivas de trabalhadores rurais. A pesquisa caracterizou- se como quantitativa, com alcance descritivo e explicativo e delineamento transversal, realizada com 71 trabalhadores rurais, do sexo masculino, expostos a agrotóxicos, que residiam no município de Santa Rosa, região noroeste do RS, e que eram atendidos em uma Unidade Básica de Saúde localizada na zona rural. A seleção da amostra se deu através da amostragem aleatória estratificada proporcional ao tamanho da faixa etária. A coleta de dados foi realizada por três formas: (i) um instrumento para registro da caracterização do contato aos agrotóxicos, história pregressa dos trabalhadores rurais e história clínica atual; (ii) triagem auditiva para a pesquisa dos limiares aéreos das frequências de 250Hz a 8.000Hz; e (iii) a dosagem de colinesterase plasmática e eritrocitária. O projeto respeitou os procedimentos éticos e têm aprovação por Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal da Fronteira Sul. A análise dos dados deu-se através de análise univariada, bivariada e por modelo de regressão multivariada. Os resultados revelaram que 78,9% dos trabalhadores possuía ensino fundamental incompleto e que 36,6% era da faixa etária de 50 a 59 anos. Quanto ao uso de agrotóxicos, a média do tempo de uso foi de 27,6 ± 13 anos e a maioria não fazia uso efetivo de Equipamentos de Proteção Individual. Os agrotóxicos mais utilizados foram os herbicidas, classe toxicológica III e grupo químico glicina. Na triagem auditiva, 31 (43,7%) trabalhadores rurais apresentaram perda auditiva em ambas as orelhas, 28 (39,4%) audição normal e 12 (16,9%) perda auditiva unilateral. Houve diferença estatisticamente significante entre a média das frequências graves e das frequências agudas em ambas as orelhas, o que demonstra maior comprometimento dos limiares agudos. Os limiares aéreos mostraram-se piores na medida do aumento dos anos de exposição aos agrotóxicos. Para os desfechos relativos à audição, o modelo de regressão multivariada apontou como melhor preditor a idade. Na dosagem da colinesterase eritrocitária, todos os trabalhadores rurais apresentaram valores dentro da normalidade. Na dosagem da colinesterase plasmática um participante apresentou valor inferior ao normal. Não houve correlação significativa entre a triagem auditiva e o valor das colinesterases. Portanto, constatou-se um grande número de trabalhadores com perda auditiva. Neste estudo, o que mais interferiu na triagem auditiva foi a idade. Mesmo assim, é preciso considerar que a perda auditiva pode decorrer de múltiplos fatores, como a ototoxidade dos agrotóxicos e o ruído. Inclusive, acredita-se que a interação entre agrotóxico e ruído potencializa o dano auditivo. Mas, de qualquer forma, a atividade profissional destes trabalhadores oferece risco à audição.