Exposição ao glifosato e incidência de câncer em agricultores familiares do Município de Cerro Largo - RS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Kupske, Carine
Orientador(a): Zamin, Lauren Lúcia
Banca de defesa: Lenz, Guido, Betemps, Débora Leitzke
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Tecnologias Sustentáveis
Departamento: Campus Cerro Largo
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/2108
Resumo: A presente pesquisa fez uso de entrevistas com agricultores familiares do município de Cerro Largo, RS e coleta de células da mucosa bucal destes agricultores para análise de micronúcleos, tendo por objetivo analisar possíveis indícios que demonstrem a relação da exposição ao herbicida glifosato e a incidência de neoplasias em agricultores deste município. A pesquisa foi composta de duas etapas, sendo a primeira delas a aplicação de um questionário semiestruturado, onde foram sorteadas 6 comunidades e entrevistados 20 agricultores de cada comunidade, totalizando 120 agricultores. A segunda etapa foi a realização da coleta de mucosa bucal de 10 agricultores para o caso controle e 10 para o teste. Os dados obtidos a partir da aplicação do questionário foram analisados pelo teste Qui-Quadrado, utilizando um intervalo de confiança de 95%. Os resultados da frequência de micronúcleos e variáveis foram analisados por meio do teste estatístico Kruskal Wallis grau de significância de 5%. Conforme apontam os resultados, os entrevistados possuem idade elevada, 74 indivíduos possuem 51 anos ou mais e apenas 21 estão na faixa etária entre 20 - 40 anos. Quanto ao grau de instrução, 60% possui apenas ensino primário. Em relação ao uso do glifosato, 62,5% afirmaram utilizá-lo, principalmente nas culturas de soja e milho, sendo que, 26,66% utilizam o mesmo entre 5-10 anos. 37,33% dos agricultores ficam expostos entre 30 minutos a uma hora a cada aplicação. Em relação aos casos de câncer na família, 62 agricultores (51,66%) relataram que já tiveram ou tem casos de câncer em suas famílias. A associação entre a faixa etária e a utilização do glifosato não foi significativa (p=0,12), assim como não foi significativa (p=0,06) a associação entre a faixa etária e os casos de câncer, entre os casos de câncer e a utilização do glifosato (p=0,51) e a associação entre os casos de câncer com o tempo de utilização do glifosato (p=0,56). Com base nos dados das entrevistas constatou-se que os agricultores estão em constante risco a sua saúde, porque foram evidenciados inadequabilidade das normas de uso seguro do herbicida glifosato, além do próprio desconhecimento da periculosidade deste agrotóxico por parte dos agricultores. O teste de micronúcleo tem sido muito utilizado para avaliar mutagenicidade causado por agroquímicos. Neste estudo o teste foi utilizado para determinar os efeitos genotóxicos provocados pelo glifosato, demostrando que a exposição ao herbicida glifosato aumentou a frequência de micronúcleo no grupo teste (p=0,0002), bem como aumentou a frequência de outras alterações celulares de forma altamente significativa, tais como brotos celulares (p=0,001), binucleação (p=0,0001), cariólise (p=0,0004), apenas não houve diferença significativa na alteração celular cariorrexe (p=0,131). Este estudo contribuiu para o reconhecimento da existência de fatores de risco associado ao uso do glifosato à saúde dos trabalhadores rurais deste município, ou seja, o uso do herbicida glifosato pode estar sendo capaz de provocar danos ao epitélio da mucosa bucal e este responde de forma adaptativa por meio de modificações celulares.