"Que a verdade seja bem comum de todos os homens": uma análise das teorias filosóficas da verdade em Bloch e Febvre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Agostini, Emanoela
Orientador(a): Souza, Fábio Francisco Feltrin de
Banca de defesa: Souza, Fábio Feltrin de, Brzozowski, Jerzy André, Armani, Carlos Henrique
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas
Departamento: Campus Erechim
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/2402
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo analisar qual teoria filosófica da verdade está presente na escrita de Marc Bloch e Lucien Febvre. Ao lado desse objetivo, está a intenção de perceber se a teoria presente nos fundadores dos Annales é semelhante a que orienta a escrita dos historiadores metódicos Langlois e Seignobos, considerando que o discurso dos historiadores “annalistas”, principalmente o Febvre, assim como o de alguns herdeiros desse movimento, é de ruptura em relação à historiografia metódica. Neste sentido, buscamos contestar a ideia de “revolução historiográfica” sinalizando as continuidades entre essas historiografias. Este estudo demanda interdisciplinaridade e realiza diálogos entre áreas da história e da filosofia. A fim de atender a esses objetivos, primeiro, apresentamos o surgimento e a institucionalização dos Annales, inscrevendo o movimento no contexto histórico-científico no limiar o século XX e expondo alguns diálogos interdisciplinares mantidos por Bloch e Febvre. Ainda no primeiro capítulo comentamos acerca da noção de paradigma e questionamos a ideia de ruptura historiográfica dos Annales, argumentando que muitos dos aspectos anunciados como novidade já estavam presentes na historiografia “tradicional”. Num segundo momento esclarecemos o que é a verdade, o que são portadores de verdade e apresentamos as teorias da verdade como correspondência e coerência para então analisar essas questões na escrita dos historiadores “annalistas”, trabalho realizado na terceira parte desta dissertação. As principais fontes de análise foram: O problema da incredulidade no século XVI e Combates pela história de Febvre; Apologia da história ou o ofício do historiador e Os reis taumaturgos de Bloch e Introdução aos estudos históricos de Seignobos e Langlois. Percebemos que, salvo especificidades, a definição e os critérios de identificação da verdade de Bloch, Febvre, Seignobos e Langlois são muito próximos. Esses historiadores definem a verdade como correspondência entre as afirmações contidas no testemunho e/ou ciência histórica e os fatos pertencentes a realidade do pretérito. Além disso entendem que os critérios que identificam as afirmações verdadeiras contidas no testemunho fundamentam-se na coerência entre esses testemunhos e demais vestígios e em relação ao conhecimento histórico já produzido. Nos parece, portanto, que a noção de verdade é mais um traço de continuidade entre as historiografias em questão.