Vozes sociais na "não-pessoa": circulação dialógica no processo de letramento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Trombetta, Vanda Mari
Orientador(a): Correa, Manoel Luiz Goncalves
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/3720
Resumo: Aquilo que é posto na terceira pessoa, aquilo de que se fala/escreve, quando considerado como produto da interação autor/destinatário(s), traz, no apelo ao já-dito, um terceiro elemento (uma terceira voz) na composição do objeto de discurso. Este último, por se constituir também a partir de um já-dito, de uma voz social, expressa uma réplica específica do locutor, de acordo com as diversas posições as diferentes experiências sociais que ele, na qualidade de escrevente, assume na interação. Pensar o objeto de discurso como uma voz social é, portanto, assumi-lo como produto da réplica do locutor a destinatários (BAKHTIN, [1979] 2010a), o que permite refletir não só sobre a interação presente, mas também constituindo-a sobre possíveis dizeres ligados a práticas sociais recuperadas pelo escrevente. Para tanto, ao assumir a participação de um terceiro na produção de linguagem, busca-se descrevê-lo, no caso das redações de vestibular, em termos das vozes que participam dos textos dos vestibulandos e defini-las segundo práticas letradas a que o escrevente tem/teve acesso (direto ou indireto). O quadro teórico da análise dialógica (BAKHTIN [1961-1962, 1975, 1979] 2010 a, b, c) e o CÍRCULO), o da argumentação (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005), o das teorias do letramento (STREET, 2012b, 2014) e o paradigma indiciário (GINZBURG, 1989) são assumidos como arcabouço teórico-metodológico do trabalho. Desse modo, são buscados os fenômenos que mobilizam o aparecimento de indícios materializados nos textos, fenômenos ao mesmo tempo ligados ao que há de específico da situação enunciativa imediata, por um lado, e aos que se mostram como elementos estabilizados nas e pelas interações ao longo da história, por outro. O corpus é composto por 264 redações de vestibular do exame da FUVEST de 2006, cujo tema foi trabalho. Os resultados obtidos evidenciam que a construção do objeto de discurso trabalho é um diálogo entre três interlocutores rigorosamente presentes nessa produção escrita: o escrevente, o(s) destinatário(s) e determinadas vozes do já-dito, cujas marcas se alojam no objeto de discurso, constituindo-o e a ele se impondo.