Os marcadores discursivos sabe e entende? na fala de informantes do município de Chapecó

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Trapp, Kelly
Orientador(a): Snichelotto, Cláudia Andrea Rost
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
Departamento: Campus Chapecó
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://localhost:443/handle/prefix/52
Resumo: Esta dissertação objetivou analisar e descrever os contextos de uso dos Marcadores Discursivos (MDs) sabe? e entende? na fala de informantes monolíngues em português do município de Chapecó, Santa Catarina. Os dados linguísticos são provenientes do Banco de Dados VARSUL (Variação Linguística na Região Sul do Brasil) e do Projeto “Variação e Mudança no Português do Oeste de Santa Catarina”. A amostra foi composta por 36 entrevistas, estratificadas por idade, sexo e escolaridade. O aporte teórico da pesquisa teve como base a interface do Sociofuncionalismo, segundo Naro (1998), Tavares (1999, 2003, 2013), Görski et al. (2003), Görski e Tavares (no prelo; 2013), entre outros, que congrega os pressupostos da Teoria da Variação e Mudança Linguística e do Funcionalismo Linguístico, sob o enfoque do processo de mudança linguística por gramaticalização, segundo Heine, Claudi e Hünnemeyer (1991), Traugott e Heine (1991), Hopper (1991), Traugott (1995, 2003), Heine (2003), Bybee (2003), entre outros. Sem comprometimento diacrônico, focalizamos a trajetória de mudança semântica e categorial de saber e entender, da condição de verbo pleno a MD, de acordo com os estudos disponíveis em Português Brasileiro de Martelotta e Leitão (1996), Valle (2001), Martelotta (2004) e Görski e Valle (2013). Postulamos que os MDs sabe? e entende? tendem à fixação de suas formas na segunda pessoa do presente do indicativo, mas com morfologia não marcada quanto à pessoa, além de atuarem no domínio funcional da manutenção do contato discursivo, a partir do qual coexistem como camadas, nos termos de Hopper (1991), ou como variantes da mesma variável, nos termos de Labov (1978). Dentre outros fatores linguísticos, elencamos cinco contextos discursivos proeminentes no uso dos itens: causal/conclusivo, especificação, opinião, contraste e reformulação. A análise das amostras permitiu tratar sabe? e entende? como intercambiáveis nos mesmos contextos de uso, exceto nos contextos de reformulação. Os resultados apontaram, de um lado, a posição medial e as sequências discursivas do tipo narrativo como preferencial para ambos os itens, por outro lado, houve baixa frequência de feedbacks junto às formas, sinalizando que há um progressivo enfraquecimento da carga entonacional. Dentre os fatores sociais, os informantes mais velhos e mais escolarizados favoreceram o uso de sabe? e entende?. Entre os dois MDs, sabe? é o mais frequente e corresponde à forma menos marcada, enquanto entende? é o item mais marcado. A partir desses aspectos, sabe? encontra-se mais abstratizado, em um estágio mais avançado de gramaticalização e entende? ainda mantém matizes do seu verbo de origem.