Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Borsati, Jucélia |
Orientador(a): |
Stübe, Angela Derlise |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Fronteira Sul
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
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Departamento: |
Campus Chapecó
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/3230
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Resumo: |
Esta pesquisa se ampara no dispositivo teórico-analítico da Análise de Discurso pecheutiana e por alguns fios na perspectiva de desconstrução derridiana. O corpus foi constituído por entrevistas semiestruturadas, realizadas com nove crianças haitianas em situação imigratória inseridas na rede municipal de ensino de Concórdia, cidade da região oeste do estado de Santa Catarina. Compreendemos as entrevistas como a ‗escritura de si‘, ou seja, um modo do sujeito se dizer, de contar sua história, de identificar-se com a(s) língua(s), com o(s) outro(s), de se (re)conhecer. Nesta perspectiva, essas crianças estão já no entre-línguas: lugar em que há língua e há línguas, espaço entre línguas, um espaço no qual não há possibilidade de se demarcar claramente um terreno, nem de se delimitar fronteiras inequívocas. Também por esta abordagem não há unicidade da língua, nem homogeneidade: há sim traços culturais nela que permitem ao sujeito constituir-se como sujeito da linguagem. Assim, partimos do pressuposto de que os sujeitos da pesquisa se constituem no entre-línguas, uma vez que, ao emigrarem, se veem em um outro lugar, uma vez que estão em contato não apenas com outra língua que não a sua (o entre-línguas), mas também com outras culturas, o entre-culturas. Deste modo, formulamos a hipótese de que na ‗escritura de si‘ do sujeito podem emergir marcas e efeitos de sentido que (re)velam identificações, colocando-o em um não-lugar: o do conflito e do estranhamento. Nossas análises evidenciaram que o sujeito-imigrante, situando-se no espaço entre-línguas, se vê em meio ao estranho: o lugar, o outro, a língua, a cultura: tudo pode lhe causar estranhamento. Percebemos que o próprio sujeito-imigrante encontra dificuldades de se (re)conhecer, pois ao falar de si, de um modo ou outro, nos (re)vela ser conflitante situar-se entre as línguas materna e estrangeira. Inquietou-nos perceber que o sujeito-imigrante tenta apagar a sua própria língua – a materna - para se (res)significar em/na outra língua - a estrangeira. Deste modo, a inserção do sujeitoimigrante na nova língua por meio de práticas pedagógicas que lhe permitam identificar-se com ela poderá ser um modo de ele se colocar ao lado da língua outra sem que se apague a si e/ou a sua própria língua. |