Constituição identitária no espaço entre-línguas: marcas discursivas em narrativas de imigrantes haitianos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Costa, Debora Cristina
Orientador(a): Stübe, Angela Derlise
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
Departamento: Campus Chapecó
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/729
Resumo: Esta pesquisa busca investigar aspectos da constituição identitária de imigrantes haitianos que vivem em Chapecó/SC e que estudam na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que nos permitam compreender como a relação entre línguas e culturas produz efeitos de identificações do sujeito. Considerando que na perspectiva teórica da Análise de Discurso (AD) o sujeito se constitui na/pela linguagem, buscamos identificar em suas narrativas - no discurso de si - marcas, cicatrizes discursivas produzidas pela relação entre línguas e culturas, entre as línguas materna e estrangeiras, e como essas marcas funcionam na constituição identitária desses imigrantes. A partir do pressuposto de que qualquer relação linguística é uma relação entre-línguas, formulamos a hipótese de que os imigrantes haitianos vivem o conflito e a tensão entre as línguas maternas e estrangeiras, provocando efeitos de resistência, interdição e silenciamento diante da língua do outro. Nossa pesquisa está embasada nos pressupostos teóricos da AD de linha francesa e nos ancoramos em trabalhos fundadores de Michel Pêcheux, Maria José Coracini, Eni Orlandi, Jacques Derrida, entre outros, que tratam da relação língua e sujeito. Trabalhamos com noções de língua, discurso, sujeito, constituição identitária e subjetividade. Destacamos que, pelo viés da AD, a língua é vista como não transparente, heterogênea, sujeita à falha e ao equívoco, e é através do discurso que ela se materializa. A metodologia adotada foi a realização de entrevistas semiestruturadas, possibilitando retomadas do dizer ao entrevistado, pois consideramos que é pela linguagem em uso que se produzem os sentidos, que os fatos se abrem às interpretações e que o sujeito se inscreve no mundo. Após a transcrição das entrevistas, por meio da materialidade da língua e pelo gesto de interpretação, foi possível observar aspectos da constituição identitária e discuti-los segundo os dispositivos teórico-analíticos da AD. Através de uma grande marca discursiva, a enunciação vacilante, caracterizada por modalizações presentes no discurso, conseguimos encontrar traços, marcas de resistência, interdição e silenciamento dos imigrantes haitianos diante da língua portuguesa, a língua do outro, sustentando, dessa forma, nossa hipótese.