O discurso político do viés ideológico na transição para o Governo Bolsonaro (2018-2019)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Seraglio, Maruana Kássia Tischer
Orientador(a): Ferreira, Eric Duarte
Banca de defesa: Schneiders, Caroline Mallmann, Machado, Ricardo
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
Departamento: Campus Chapecó
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/4397
Resumo: Na transição para o governo Bolsonaro (2018-2019), verifica-se a presença frequente de discursos contra uma suposta ordem doutrinadora, denominada viés ideológico. Esta dissertação tem orientação teórico-metodológica na Análise de Discurso e, com base em Michel Foucault, em Michel Pêcheux e em outros autores, busca analisar a formulação e o funcionamento do objeto discursivo compreendido sob o escopo da nomeação do viés ideológico. Considerando esse contexto, os corpora de análise são os pronunciamentos do presidente Jair Messias Bolsonaro na cerimônia de posse e na cerimônia de recebimento da faixa presidencial em Brasília, em 1º de janeiro de 2019. A escolha dos corpora se justifica pelo acontecimento em torno dos pronunciamentos, nos quais o presidente reafirma à população brasileira o compromisso de lutar contra o viés ideológico. Como problema de pesquisa, buscase compreender como é elaborada a crítica bolsonarista à ideologia, a qual é associada a ideias da esquerda do campo político brasileiro. Assim, os objetivos específicos desta pesquisa são: adentrar no debate sobre uma arqueologia da ideologia; identificar o lugar da ideologia, de acordo com o discurso bolsonarista; e investigar pontos de deriva nos discursos dos corpora e que se relacionem com o objeto de discurso sob estudo. Ao explorarmos algumas das diversas noções sobre o conceito de ideologia, utilizamos as perspectivas de Thompson (2011), de Althusser (1985), de Pêcheux (1997, 2014), entre outros autores. E, ao transitarmos no campo político, dialogamos com Levin (2017), Bobbio (1995), Laclau (2018), Cruz, Kaysel e Codas (2015), Castro Rocha (2021) e outros pesquisadores. As análises realizadas indicam que a ideologia é caracterizada nos corpora com sentido negativo, devendo ser combatida pelo povo e pelo Estado. O discurso bolsonarista carrega traços da nova direita e dispõe de elementos do universo semântico da religião, defendendo concepções tradicionais e conservadoras e combatendo conceitos progressistas, como a teoria de gênero. A metáfora de guerra é constante nos pronunciamentos analisados, ocorrendo nomeação de inimigos a serem eliminados. Entre estes adversários são incluídas, principalmente, a esquerda brasileira do espectro político, o petismo e as noções comunistas e socialistas. Bolsonaro se apresenta como messias salvador das práticas ideológicas que conduziram o país a crises, instigando o apoio popular a partir da narrativa do medo. Assim, o discurso político do viés ideológico na transição para o governo Bolsonaro aponta para enunciações que constituem um dos pilares do que pode ser chamado de “guerra cultural” bolsonarista, uma guerra travada na e pela linguagem.