Resumo: |
Esta dissertação é resultado de pesquisa desenvolvida para o Programa de Pós-graduação em História da UFFS, como requisito para obtenção de título de Mestre em História. As reflexões propostas neste estudo visam apresentar elementos sobre o debate acerca das relações de gênero no interior do MST. Para isso, tem-se como objetivo geral analisar a concepção das mulheres que participam do grupo da Feira da Reforma Agrária no município de Passos Maia (SC) sobre o papel das mulheres na produção agroecológica do MST. O método de pesquisa utilizado para o desenvolvimento deste estudo é o da História Vista de Baixo, a partir de Edward Palmer Thompson, que busca descrever a história a partir da realidade das pessoas comuns. Os conceitos-chave utilizados são “relações de gênero”, “trabalho” e “agroecologia”. Para configurar este trabalho, buscou-se realizar pesquisa bibliográfica, documental e entrevistas, através da História Oral. Foram realizadas 16 entrevistas com as mulheres semterra e feirantes que residem no município de Passos Maia, e uma entrevista com representante do Setor Estadual de Mulheres e Saúde do MST. Para apresentar as reflexões propostas, esta dissertação é dividida em três capítulos. A partir das análises realizadas, temse como resultado a existência de diferentes concepções acerca do trabalho das mulheres na produção de alimentos agroecológicos. Aponta-se que a criação de espaços como a Feira da Reforma Agrária é fundamental para o avanço da construção de um novo modo de produzir e de se desenvolver as relações produtivas a partir de cadeias agroalimentares curtas; e as mulheres são fundamentais para o desenvolvimento deste processo. Nesse contexto, na organicidade do MST em relação ao vivenciado pelas mulheres feirantes, é possível perceber inúmeras divergências que só poderão ser superadas a partir do fortalecimento das ações de participação das mulheres nas instâncias organizativas do movimento e da sociedade em geral, como é o caso do acesso ao poder legislativo e executivo dos municípios, entre outras esferas. Para além, ainda se conclui que fortalecer as práticas agroecológicas que vêm sendo desenvolvidas pelas mulheres em seu cotidiano de trabalho nas propriedades e constituir um novo modo de produção no interior dos assentamentos do MST é fundamental para o seu fortalecimento, bem como o estabelecimento de novas práticas de produção e reprodução da vida em sociedade. |
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