Distribuição espaço-temporal de ovos e larvas de peixes migradores em trecho lótico no médio Rio Uruguai, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Soares, Marlon da Luz
Orientador(a): Reynalte-Tataje, David Augusto
Banca de defesa: Lima, Daniela Oliveira de, Pelicice, Fernando Mayer
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Tecnologias Sustentáveis
Departamento: Campus Cerro Largo
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/2125
Resumo: Reconhecer processos ecológicos e características funcionais que sustentam a reprodução e consequentemente a renovação dos estoques pesqueiros são fundamentais para o planejamento de uso de uma bacia hidrográfica. As táticas reprodutivas dos peixes são diversas na natureza e os movimentos migratórios dos peixes são uns dos mais importantes entre eles. Na região Neotropical ainda não está muito claro como acontecem os movimentos reprodutivos. Nesse sentido o presente estudo visa fornecer informações quanto o padrão reprodutivo para as espécies migradoras do Médio Uruguai através da análise do ictioplâncton, especificamente procurou-se avaliar: (i) a variação espaço-temporal na abundância de ovos e larvas de peixes migradores entre os ambientes de calha do rio principal e foz de tributário; (ii) a composição do ictioplâncton; e (iii) as relações entre as variáveis ambientais e a abundância de ovos e larvas de peixes migradores. As amostragens foram realizadas durante o período reprodutivo num trecho lótico de 120 km no Médio rio Uruguai entre outubro/2016 e janeiro/2017. Essas amostragens ocorreram ao anoitecer com rede de plâncton. Um total de 11.519 ovos, 3.211 larvas foram capturadas. Dentre a composição da assembléia de larvas, foram encontradas 14 espécies migradoras. Foram registrados ovos e larvas de peixes migradores em todas as estações de amostragem, demostrando que estas espécies estão encontrando estímulos para realizar suas desovas em distintos pontos deste ecossistema, hipótese que é reforçada pelo fato de poder ser encontrado diferentes estágios de larvas numa mesma estação de amostragem. A presença das formas iniciais dos peixes migradores na calha do rio principal e na foz dos tributários mostram que estes ambientes são relevantes para a reprodução. Na estação da foz do rio Piratinim foi encontrada uma elevada densidade de larvas no estágio larval vitelino, informação que somada a alta densidade de ovos de migradores encontrados neste mesmo local corrobora que esse é importante para a reprodução, sendo um tributário de grande porte e menos impactado que os demais. As espécies de Pimelodus maculatus e Salminus brasiliensis estiveram relacionados principalmente com as estações localizadas nos rios tributários, Megaleporinus obtusidens, Schizodon altoparanae e Prochilodus lineatus tiveram sua maior abundância nas diferentes estações do rio principal. A temperatura e a largura do rio foram os fatores mais importantes para a distribuição das larvas das espécies migradoras, o que parece estar relacionada a segregação das larvas das espécies que são mais encontradas no rio principal e aquelas que são mais encontradas nos tributários, visto que o rio principal se caracteriza por apresentar uma maior largura e temperatura da água do que os três tributários. Observa-se que no trecho estudado não existe apenas um local de reprodução, nem tampouco é verificado um gradiente dos estágios de desenvolvimento larval ao longo do rio. O que é verificado é que todo este trecho é importante para a reprodução e, além disso, algumas espécies migradoras selecionam os tributários para desovar e outras o rio principal.