Alimentação e sustentabilidade: uma análise a partir do Programa Nacional de Alimentação Escolar em municípios do Paraná

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Marques, Ana Beatriz Goes Maia
Orientador(a): Triches, Rozane Marcia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável
Departamento: Campus Laranjeiras do Sul
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/3912
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo geral verificar como ocorre a compra de alimentos da agricultura familiar pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), com ênfase em alimentos orgânicos, em 11 municípios do Paraná. Mais especificamente, identificar os principais problemas relacionados a estas aquisições; analisar como os atores sociais atuam na busca de soluções; averiguar qual a importância destas compras para os mesmos e as suas posições em relação a isso; e, analisar as percepções destes atores a respeito da relação entre alimentação e sustentabilidade. Para este estudo selecionou-se 11 municípios, tomando como base a aquisição e não aquisição de alimentos orgânicos da agricultura familiar, o tamanho da população e as macrorregiões do estado. Em cada município foram realizadas entrevistas com três segmentos distintos: organização de agricultores responsável pelo fornecimento de alimentos; gestores/as municipais; e diretores/as e cozinheiros/as de escolas. Como resultado, as principais limitações apontadas foram quantidade, logística, certificação, custo dos alimentos orgânicos, registro dos alimentos processados e de origem animal no MAPA e falta de ATER agroecológica. Sobre as formas de superação dos problemas ressaltouse a obrigatoriedade da aquisição destes alimentos posta em lei no município, maior incentivo, a organização da agricultura familiar em torno da produção agroecológica, articulação e diálogo entre os atores envolvidos e maior domínio sobre o tema. Apesar de, no geral, os atores participantes destacarem aspectos positivos dos alimentos orgânicos da agricultura familiar, verificou-se que há falta de conhecimento sobre a produção agroecológica e políticas públicas que favoreçam a aquisição e o fornecimento de alimentos orgânicos. O estudo destacou ainda que somente o PNAE não foi suficiente para que ela se efetivasse em cada um dos municípios, sendo necessário que os atores envolvidos sejam proativos. Sobre as preocupações apontadas em relação à alimentação e sustentabilidade, estas se relacionam com: aplicação de insumos químicos, resíduos sólidos gerados, consumo de alimentos locais e menos industrializados, desperdício de alimentos, aumento da diversidade de alimentos e rotação de cultura. Sobre as ações/mudanças em direção à uma alimentação mais sustentável, os/as nutricionistas de municípios que adquirem alimentos orgânicos demonstraram maior entendimento sobre o assunto, enquanto para secretários/as de educação e agricultura familiar não houve diferença nas respostas entre os municípios. Dentre os motivos pelos quais os/as entrevistados/as colocaram como empecilhos para diminuição do consumo de carne estão: o aspecto cultural, baixa diversidade de proteína vegetal adquirida na alimentação escolar e considerar a carne como alimento essencial. Por último, os/as responsáveis técnicos/as entrevistados/as nos onze municípios responderam que em sua graduação não foram abordados conteúdos sobre a relação entre alimentação e sustentabilidade. A educação alimentar e ambiental demonstrou ser uma das principais ações na busca pela mudança nos padrões de consumo e produção. Estas mudanças devem considerar momentos de formação e sensibilização tanto com os/as responsáveis técnicos/as como com a sociedade, para que esta transição alimentar seja feita de forma mais consciente.