Violência contra a mulher: significados emitidos em narrativas de mulheres em situação de violência, de profissionais especializados e nos discursos oficiais das políticas públicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Machado, Ana Paula
Orientador(a): Silva, Ivone Maria Mendes
Banca de defesa: Brzozowski, Jerzy André, Bonamigo, Irme Salete
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas
Departamento: Campus Erechim
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/3936
Resumo: Por ser uma das mais frequentes formas de violação dos direitos humanos, a violência é uma problemática que precisa emergir para que possa ser visualizada, analisada e compreendida na contemporaneidade. Diante disso, o estudo utilizou o entendimento de Jerome Bruner (1997) referente a produção dos significados para a construção de conhecimentos sobre a realidade dos indivíduos. Para o aprofundamento deste estudo, propõe-se, através desta pesquisa, uma análise crítica sobre a violência contra a mulher. Buscou-se, neste estudo, analisar os significados contidos nas narrativas de mulheres em situação de violência e de profissionais especializados, além dos significados que emergem nos discursos de documentos oficiais das Políticas Públicas quando se considera o fenômeno da violência contra a mulher em uma cidade do oeste catarinense. Para tanto, os dados foram obtidos através de uma pesquisa qualitativa, que abrangeu uma breve revisão bibliográfica sobre estudos de gênero, autores e conceitos provindos do campo das Ciências Humanas; uma análise de conteúdo das entrevistas semi-dirigidas aos profissionais das diferentes áreas de atuação (CRAS, CREAS, NASF, Delegacia Especializada, Política Militar e Justiça). E, ainda, a análise documental das principais normativas e documentos técnicos que descrevem e regulamentam os serviços públicos sobre a violência contra a mulher, além dos relatos de grupo de atendimento psicossocial a mulheres em situação de violência oferecido no CREAS I. As entrevistas dos profissionais e os relatos do grupo de mulheres foram analisados e contrapostos com a revisão bibliográfica segundo inspirações de Laurence Bardin (1978), Suely Deslandes (2001) e Romeu Gomes (2002) enquanto que os documentos oficiais das Políticas Públicas seguiram a análise documental proposta por André Cellard (2012). Diante das análises, encontraram-se as seguintes categorias: o perfil dos profissionais especializados, das mulheres do grupo psicossocial e as características da rede de proteção do município, os significados da violência contra a mulher para profissionais e mulheres em situação de violência, a construção dessas significações e possibilidades de (re)significados, e ainda, os desdobramentos para as Políticas Públicas. Como resultados a pesquisa identificou significados para a violência contra a mulher baseados em concepções familiares, culturais, sociais, relacionais que cristalizam as identidades de homens e mulheres e utilizam da violência como mediadores dos conflitos conjugais e domésticos. Além disso, este estudo indica a importância da interação profissional-mulher e mulher-mulher durante os atendimentos realizados pelos serviços da rede de proteção como possibilidade de (re)significação para o fenômeno da violência contra a mulher. Bem como, sugere ser necessário que as ações intersetoriais das Políticas Públicas voltem-se para promover entendimentos sobre o gênero, sobre desconstruir a visão da figura da mulher e do homem que ainda imperam na sociedade e cultura a fim de oferecer (re)significados para romper com o ciclo de violência contra a mulher.