Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Lisboa, Carla Mirelle de Oliveira Matos |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/3105
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Resumo: |
Através da abordagem da terceira onda da sociolinguística (cf. ECKERT, 2005, 2012), este trabalho analisa a variação do uso das formas de tratamento direcionadas aos profissionais jurídicos em uma comunidade de prática (cf. ECKERT e McCONNEL-GINET, 2010) da Defensoria Pública de Niterói. A variação linguística entre as formas de tratamento, tratada aqui, não se limita ao reflexo do lugar social: ela é voltada para a captação do significado social dessa variável na prática profissional jurídica. Verificamos, na comunidade estudada, as ocorrências e as preferências em relação às formas de tratamento dispensadas aos profissionais jurídicos, bem como a recepção e a aceitação (ou não) dessas formas; além disso, observamos fatores sociais que podem favorecer as suas escolhas e as relações de poder ou de solidariedade (BROWN e GILMAN, 1960) estabelecidas pela troca dessas formas de tratamento. Comentamos, ainda, de forma geral, sobre as relações de neutralidade (COOK, 1997) que podem se estabelecer nas interações. Para a realização desta pesquisa, fizemos uma observação de base etnográfica na Defensoria Pública de Niterói, ao longo de quase dois meses, durante os quais gravamos interações que foram transcritas. Em seguida, as ocorrências foram submetidas à análise estatística, através da ferramenta computacional de análise multivariada GoldVarb X, que auxiliou na análise quantitativa complementar das formas de tratamento trocadas entre os profissionais jurídicos e os assistidos. Esta análise selecionou o grupo de fatores ‘escolaridade’ como significativo para o uso da variante ‘doutor’ nos três casos analisados: ‘doutor’ vs. ‘senhor’; ‘doutor’ vs. (‘formas nominais’ + ‘você’) e ‘doutor’ vs. (outras formas de tratamento), enquanto o mesmo não ocorreu com os outros grupos de fatores. Buscamos observar a interação entre a defensora pública, os auxiliares jurídicos, os estagiários, o segurança e os assistidos (pessoas que procuram atendimento na Defensoria) para compreender o estilo como constituinte da identidade dos falantes. Além disso, aplicamos testes de autoavaliação (cf. LABOV) aos profissionais jurídicos envolvidos. Confirmamos, através da análise na comunidade de prática da Defensoria Pública de Niterói, a existência e a perpetuação do uso da forma de tratamento ‘doutor’ dispensada aos profissionais jurídicos, entre os membros da comunidade de prática, principalmente, para os cargos de maior hierarquia. Deste modo, prevalecem as relações de poder entre os membros que possuem posições hierárquicas distintas entre os seus cargos e relações de solidariedade entre aqueles que estão no mesmo nível da hierarquia profissional. Percebemos também que o direcionamento da forma ‘doutor’ entre aqueles que frequentam a comunidade varia com outras formas de tratamento (‘senhor’, ‘você’ e ‘outras formas nominais’) e não consiste na maior parte dos tratamentos usados. Apresentamos as formas de tratamento que os profissionais jurídicos direcionaram aos assistidos e as relações que se estabeleceram nessa troca. Os testes de autoavaliação nos ajudaram a entender melhor a visão que cada profissional tem de sua postura profissional quanto às formas de tratamento e a comparar com a sua prática cotidiana. Esta pesquisa pretende ampliar os estudos disponíveis sobre a terceira onda da sociolinguística no Brasil e contribuir para o entendimento da atuação da linguagem na prática profissional jurídica. |