12 de outubro no mundo hispânico: reconfigurações discursivas de um dispositivo memorial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Sánchez, Beatriz Adriana Komavli de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/3670
Resumo: O objetivo desta tese é reunir num arquivo diversas materialidades semióticas atreladas à data comemorativa do 12 de outubro no mundo hispânico, desde sua instituição até a atualidade. A partir desse arquivo nos propomos: (a) analisar a rede de sentidos (saberes, poderes e subjetividades) que possibilitou a instituição da data do 12 de outubro no mundo hispânico, bem como suas reconfigurações, e, consequentemente, (b) contribuir para a reflexão em torno da noção de hispanidade ao longo deste último século. A partir das recentes redesignações da data em algumas nações da América do Sul, formulamos nossa pergunta de pesquisa: como se materializa a rede de restrição de sentidos, ou seja, o que pode e não pode ser dito em um determinado contexto histórico-social, que possibilitou a instituição da data do 12 de outubro no mundo hispânico, bem como as reconfigurações? Os conceitos que norteiam esta pesquisa advêm do marco teórico da AD francesa, e contempla proposições provenientes dos estudos enunciativos que consideram em suas análises a materialidade linguística (COURTINE, 2009; MAINGUENEAU, 2001, 2008a, 2008b, 2015; ORLANDI, 1990, 1998, 2001, 2011). Cabe ressaltar que a AD é uma disciplina entre, visto que se constitui em um espaço interdisciplinar, no diálogo com outros campos do saber. No caso desta tese, estabelecemos um diálogo com as ciências humanas, como a história (ANDERSON, 2011; FOUCAULT, 1995; HOBSBWAM, 1984; LE GOFF, 1990), a filosofia (DELEUZE, 1990, 1995; DUSSEL, 1990) e os estudos culturais (HALL, 2003, 2015; SANTOS, 2010). As noções norteadoras são: tradição inventada, arquivo, dispositivo, memória discursiva, práticas e acontecimentos discursivos. Nosso espaço discursivo compreende 34 materialidades produzidas em diversos âmbitos: político-institucional, midiático e pedagógico e acadêmico, abrangendo de decretos e bandeiras, notícias, publicidades, até revista infantil. Concebemos tanto a instituição da data quanto as reconfigurações do dispositivo memorial como unidades não tópicas plurifocais (MAINGUENEAU, 2008b, 2015). A instituição da data como comemorativa corresponde ao objeto discursivo raça/hispanidade, recentemente reconfigurado como: descolonização; resistência indígena e respeito à diversidade cultural. As conclusões apontam que o entendimento atual da memória como dever (HEYMANN, 2007; HUYSSEN, 2004), junto com os novos paradigmas das globalizações contra-hegemônicas que vêm se perfilando, apontados por Santos (2010), parecem embasar o novo regime de enunciabilidade que possibilita que toda uma nova série de regularizações se projete nas reconfigurações do dispositivo memorial do 12 de outubro. Os enunciados também são forças e sentidos que lutam. Nesse aspecto concluímos que a reconfiguração ‘descolonização’ é a que mais combate e impugna a configuração raça/hispanidade