Evolução deposicional e trófica nas biofácies sedimentares da Lagoa Vermelha, Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Raphaelli, João Terra Assiny
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/6045
Resumo: Variações do nível do mar no Quaternário esculpiram as planícies litorâneas no sul e sudeste do Brasil e formaram os sistemas lagunares fluminenses, os quais possuem uma evolução geomorfológica que passa pela redução de seu espelho d’água, hipersalinização e seccionamento, podendo evoluir a brejos ou mesmo desaparecer. Nesse contexto, a Lagoa Vermelha se configura como uma laguna costeira carbonática hipersalina de microclima transicional tropical-semiárido quente, condições que favorecem a precipitação de minerais como aragonita, calcita e dolomita e permitem a formação de microbialitos, estruturas organossedimentares excepcionais derivados da precipitação mineral bioinduzida ou diretamente bioprecipitada. Dentre os diversos tipos de microbialitos, destacam-se as esteiras microbianas e os estromatólitos. Por ter característica correlatas de alguns poucos lugares no mundo, como no Oriente Médio e Austrália, existem iniciativas na tentativa da preservação desse tipo de ambiente como a criação do Parque Estadual Costa do Sol em 2012. Apesar dessa excepcionalidade, a pressão antrópica tem demonstrado sinais de impacto sobre a Lagoa Vermelha. Neste trabalho houve o estudo da evolução sedimentar e trófica recente para colaborar com o conhecimento sobre os processos que governam a formação das estruturas, da sedimentação e sua correlação biológica no tocante a produção da matéria orgânica e microbialitos. Com a coleta de dois testemunhos (LV-O e LV-E) em lobos diferentes da laguna, foram feitas análises de granulometria, biopolímeros, matéria orgânica e datação pelo método de ²¹⁰Pb para inferir a geocronologia. Após a classificação das biofácies, pôde ser atestada a hegemonia de minerais carbonáticos sobre siliciclásticos em todas as frações granulométricas, com destaque para os finos. Também foi observado o domínio de lipídio sobre os demais biopolímeros em todas as biofácies dos dois testemunhos, indicando diagênese acelerada pela comunidade microbiana e grande potencial no acúmulo de carbono. A ordem biopolímérica lipídios > proteínas > carboidratos permaneceu constante, com exceção das biofácies medianas do testemunho LV-O. A razão proteína/carboidrato seguiu esse resultado, tendo valores menores que um apenas nas biofácies centrais do LV-O. A matéria orgânica acompanhou as tendências gerais dos biopolímeros, enfatizando a participação da fração lábil na composição orgânica dos sedimentos. Houve paralelo, também, da matéria orgânica com a granulometria, corroborando a resposta clássica dos processos hidrodinâmicos sobre a preservação da matéria orgânica, com exceção de uma biofácie intermediária e das biofácies do topo do LV-O. Nessas últimas, a hidrodinâmica marcada pela granulometria não respondeu a tendência crescente da matéria orgânica, dos biopolímeros e da razão proteína/carboidrato. Associando esse resultado à datação por ²¹⁰Pb, ficou sugerida influência antrópica com input de material orgânico no sistema na história deposicional mais recente da Lagoa Vermelha.