As quirinas: a trabalhadora doméstica como protagonista na literatura brasileira contemporânea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Souza, Mariana Filgueiras de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/35597
Resumo: Representante da maior categoria de trabalho no país, que abrange mais de 6 milhões de pessoas (Pnad 2022/ IBGE), a empregada doméstica é a trabalhadora mais precarizada, a que ganha menos e a que menos se aposenta no Brasil. De perfil majoritariamente feminino, negro, de origem pobre e baixa escolaridade, sujeita a todo tipo de exploração e violências, a trabalhadora doméstica é também uma das figuras representadas de maneira mais superficial na literatura brasileira, um dos legados simbólicos nefastos da escravidão. No imaginário literário dos séculos XIX e XX, a personagem teve sua imagem controlada (Hill Collins, 2016) por estereótipos como os da mãe preta, mucama maléfica, doméstica guerreira ou mulata erotizada. A partir de 2015, com a consolidação de uma série de políticas públicas de impacto social, e com a implantação de novas, como a Lei das Domésticas, além do aumento de um debate público feminista, essa dinâmica começa a ser questionada e alterada. Surgem romances e contos que deslocam a personagem da invisibilidade para o centro da narrativa. Esta tese parte de um levantamento de 27 escravizadas domésticas e trabalhadoras domésticas encontradas na história literária brasileira, de 1859 a 2015, de forma a mapear as estratégias de representação usadas ao longo desse período para fazer uma comparação crítica de como essas estratégias mudaram em quatro obras posteriores que já trazem trabalhadoras domésticas como protagonistas: Perifobia (Lilia Guerra, 2018); Com armas sonolentas (Carola Saavedra, 2018); Suíte Tóquio (Giovana Madalosso, 2020) e Solitária (Eliana Alves Cruz, 2022). Nesta análise, uso como ferramenta a “crítica literária feminista” sistematizada por Eurídice Figueiredo (2021), para observar de que maneira a escrita feminina faz com que a personagem passe de objeto a sujeito ativo das próprias narrativas, e como se opera essa mudança na literatura contemporânea.