Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Lemos, Amanda dos Santos |
Orientador(a): |
Barbosa, Silvia Monnerat |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/10438/35013
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Resumo: |
O objeto desta tese é o envelhecimento de trabalhadoras domésticas negras. O ponto de partida para esta construção foi a experiência empírica em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), onde foi possível observar repetidos casos de trabalhadoras domésticas envelhecidas e deixadas na instituição pelas famílias empregadoras, tão logo perderam a capacidade laboral. Aquelas mulheres compartilhavam uma outra característica além do gênero, porém, a raça era comum a todas elas. Todas tinham a pele escura, o cabelo crespo, lábios e narizes largos. O envelhecimento humano é um processo natural e biológico, que os indivíduos vivenciam progressivamente, mas, a maneira como ele será experimentado depende de muitos outros fatores, sociais, culturais, políticos, econômicos e históricos. A questão é como esses fatores incidirão sobre esse processo e determinarão se a velhice será alcançada e sendo, como essa fase da vida será experimentada pelos indivíduos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a velhice no Brasil é feminina, mas, não negra. Pessoas negras ainda buscam o direito à velhice, já que muitos negros e negras morrem precocemente, pelos mais diferentes fatores, muitos deles, relacionados ao racismo institucional que impregna instituições e relações no nosso país. Um fato inquestionável, é que mulheres negras vivenciam, dá mais tenra idade à velhice, uma série de violações, humilhações e privações. Esse mesmo IBGE, aponta que mulheres negras seguem, ainda hoje, sendo maioria no trabalho doméstico remunerado, o que não pode ser considerado, exatamente, uma novidade, pois isso acontece desde o pós-abolição da escravidão negra, o que nos traz novamente ao nosso objeto. Assim como as “mães pretas” que serviam à Casa Grande, cuidando dos afazeres domésticos, das crianças e dos mais vulneráveis e ao final de extenuantes jornadas de trabalho, retornavam para as senzalas, muitas trabalhadoras domésticas hoje vivem em cubículos, que chamam de “quartinho de empregada”, retornam esporadicamente para suas casas, em longos e sinuosos trajetos, passam a vida servindo e cuidando, algumas abdicam de suas próprias vidas pela dedicação a vida do outro e, quando se veem velhas, são obrigadas a retomarem vínculos que, muitas vezes, não existem mais por terem optado, conscientemente ou não, por sua “quase da família” e deverão então, seguir para terminar suas vidas em ILPIs. É a partir desse cenário que procuramos compreender como envelhecem as trabalhadoras domésticas negras no Brasil contemporâneo. Nesta tese tratamos do envelhecimento negro, de gênero, de raça e direitos, mas, prioritária e especialmente de histórias de vidas. |