Impactos morfológicos em praias oceânicas associados a ondas de tempestade : exemplo do litoral centro-norte do Estado do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Oliveira Filho, Silvio Roberto de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/29166
Resumo: A sobre-elevação do nível relativo do mar ocasionada por fatores meteorológicos, conhecida como maré meteorológica (storm surge), é um dos principais fatores geofísicos de risco em regiões costeiras. Sua magnitude é controlada por forçantes climáticas, como gradientes de pressão elevados, que geram ventos fortes e ondas com maiores alturas, muitas vezes originados a milhares de quilômetros da costa. Quando essas ondas extremas atingem o litoral, podem provocar mudanças expressivas na fisionomia das praias, causando desde erosão dos sedimentos da praia e duna frontal, até a inundação de áreas costeiras, acarretando a desestabilização da morfodinâmica que rege tais praias, danos materiais em casas e outras edificações, além da perda de vidas humanas, nos casos mais extremos. No Rio de Janeiro, ondas de tempestades são geradas pela intensificação de vórtices ciclônicos que acompanham as frentes frias, desde o oceano Pacífico sul até o Atlântico Sul. Em abril de 2010, durante a passagem de uma frente fria, ocorreu a intensificação de um vórtice ciclônico que se posicionou próximo ao litoral do Rio de Janeiro. O elevado gradiente de pressão ocasionou ondas com altura significativa de até 4,7 metros, período de 13 segundos e direção preferencial de SSE. Esta condição de tempestade durou aproximadamente 96 horas (quatro dias) e ocasionou grande remoção do volume de sedimentos do sistema praiaduna, alterando, em alguns trechos, completamente a morfologia. Bulhões et al. (2010) e Fernandez et al. (2011) realizaram uma análise preliminar sobre os impactos ocasionados por esta tempestade, e, concluíram que tais impactos não foram homogêneos em praias com características morfodinâmicas semelhantes. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi elucidar questionamentos e lacunas sobre os principais fatores que tornam praias, ou trechos de praia, mais expostos às ondas tempestade. Para tal, foram realizadas simulações de ondas de tempestade e análise das variações de volume sedimentar e morfologia, em seis arcos de praia situados na região centro-norte do litoral fluminense. São eles: Cabo Frio, Peró, Tucuns, Geribá, Rio das Ostras e Mar do Norte. As simulações referentes às ondas de tempestade mostraram que existem, para cada trecho de praia analisado, direções médias de onda que sofrem menos atenuação da energia e podem acarretar em impactos mais significativos. As principais direções médias de onda que tornam as praias dessa região mais expostas, estão entre os quadrantes ESE e SSE. A análise dos impactos posterior à recuperação do volume sedimentar e morfologia das praias estudadas, após a tempestade de abril de 2010, mostraram que a morfodinâmica que rege as praias é um fator importantíssimo quanto à defesa da costa. As praias com características morfodinâmicas intermediárias e dissipativas obtiveram, apesar do grande impacto morfológico, uma considerável menor remoção de sedimentos do perfil emerso. Por outro lado, apesar de terem ocorrido maiores taxas volumétricas de erosão nas praias com características morfodinâmicas refletivas, a recuperação ocorreu mais rapidamente que as praias intermediárias e dissipativas. Entretanto, alguns trechos de praia, independentemente das características morfodinâmicas, não conseguiram atingir total recuperação. Tal resposta distinta está provavelmente relacionada a fatores hidrodinâmicos pontuais, como menor atenuação de onda em função da refração e inexistência de difração, além das direções das correntes na zona proximal a costa.